Construção social da moradia de risco: a experiência de Juiz de Fora (MG)

Autores

  • Maria Auxiliadora Ramos Vargas Mestre em Planejamento Urbano e Regional pelo Ippur/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ

DOI:

https://doi.org/10.22296/2317-1529.2006v8n1p59

Palavras-chave:

construção social do risco, desigualdade ambiental, periferia urbana.

Resumo

A problemática da moradia de risco tem ganhado ênfase no debate contemporâneo sobre políticas públicas urbanas. As diversas iniciativas observadas se enquadram, de maneira geral, na perspectiva objetivista do risco, que traz como principal decorrência a demanda pela mensuração e quantificação do fenômeno. Resulta daí uma visão técnica do risco que se apresenta dominante, e que promove não só a noção de que as situações precárias envolvendo grupos específicos são decorrentes de decisões imprevidentes, como também intervenções de remoção que afetam as condições de vida desses grupos. Problematizando esse argumento, a literatura sociológica da construção social do risco sustenta que este é objeto de uma elaboração socialmente diferenciada. Utilizando-se da análise das trajetórias de moradia de famílias removidas de áreas condenadas tecnicamente no município de Juiz de Fora (MG), este artigo aponta discursos e práticas que conformam a resistência da população à noção técnica dominante do risco.

 

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Biografia do Autor

Maria Auxiliadora Ramos Vargas, Mestre em Planejamento Urbano e Regional pelo Ippur/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ

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Publicado

2006-05-31

Como Citar

Vargas, M. A. R. (2006). Construção social da moradia de risco: a experiência de Juiz de Fora (MG). Revista Brasileira De Estudos Urbanos E Regionais, 8(1), 59. https://doi.org/10.22296/2317-1529.2006v8n1p59

Edição

Seção

Artigos