Lutas por terra e território, desterritorialização e território como forma social | Land and territory struggles, deterritorialization and territory as a social form

Autores

  • André Dumans Guedes Universidade Federal Fluminense, Departamento de Sociologia, Niterói, Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.22296/2317-1529.2016v18n1p23

Palavras-chave:

lutas por território, lutas por terra, desterritorialização, indígenas, povos e comunidades tradicionais

Resumo

A proliferação e a consolidação das chamadas “lutas por território” levadas adiante por povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais têm se destacado recentemente como um dos fenômenos mais debatidos e examinados no mundo rural brasileiro. Considerando isso, buscamos aqui analisar alguns dos modos por meio dos quais a noção de “território” e categorias correlatas vêm sendo utilizadas nos debates atuais. Inicialmente, apresentamos a forma como alguns autores têm pensado recentemente a distinção entre as demandas por “terra” (geralmente associadas a grupos caracterizados como “camponeses”) e as demandas por “território”. Em seguida, discutimos criticamente o modo como o conceito de “desterritorialização” faz-se presente nos debates em que o “território” está associado a estratégias de defesa de certos grupos diante do avanço de fronteiras econômicas. Por fim, destacamos a relevância analítica de se considerar a noção de “território” como referida a uma forma institucional e a determinados projetos políticos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

André Dumans Guedes, Universidade Federal Fluminense, Departamento de Sociologia, Niterói, Rio de Janeiro

Bacharel em Ciências Econômicas (UFMG), Mestre em Planejamento Urbano e Regional (IPPUR/UFRJ), Doutor em Antropologia Social (PPGAS/UFRJ), pós-doutor em Planejamento Urbano e Regional (IPPUR/UFRJ), pós-doutorando em Antropologia Social (PPGAS/UFRJ)

Referências

ACSELRAD, H. Mapeamentos, identidades e territórios. In: ACSELRAD, H. (Org.). Cartografia social e dinâmicas territoriais. Marcos para o debate. Rio de Janeiro: IPPUR/UFRJ, 2010. p. 9-45.

ALBERT, B. O ouro canibal e a queda do céu: uma crítica xamânica da economia política da natureza. In: ALBERT, B.; RAMOS, A. Pacificando o branco. São Paulo: UNESP, 1992. p. 239-274.

ALMEIDA, A. W. B. Amazônia: a dimensão política dos ‘conhecimentos tradicionais. In: ALMEIDA, A. W. B (Org.). Conhecimento tradicional e biodiversidade: normas vigentes e propostas. Manaus: PPG-UEA; Fundação Ford; Fundação Universidade do Amazonas, 2008. p. 11-39.

ALMEIDA, A. W. B.. A reconfiguração das agroestratégias: novo capítulo da guerra ecológica. SAUER, S.; ALMEIDA, W. Terras e territórios na Amazônia: demandas, desafios e perspectivas. Brasília: Ed. UnB, 2011. p. 27-43.

ALMEIDA, M. Narrativas agrárias e a morte do campesinato. Ruris – Revista do Centro de Estudos Rurais, Campinas, v. 1, n. 2, p. 157-186, set. 2007. Disponível em: <http://www.ifch.unicamp.br/ojs/index.php/ruris/article/view/656>. Acesso em: 30 jun. 2016.

ARRUTI, J. M. A emergência dos “remanescentes”: notas para o diálogo entre indígenas e quilombolas. Mana, Rio de Janeiro, v. 3, n. 2, p. 7-38, out. 1997. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-93131997000200001

BARTOLOMÉ, M. As etnogêneses: velhos atores e novos papéis no cenário cultural e político. Mana, Rio de Janeiro, v. 12, n. 1, p. 39-68, abr. 2006. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-93132006000100002

CUNHA, M. C.; ALMEIDA, M. Populações tradicionais e conservação ambiental. In: CUNHA, M. C. Cultura com aspas. São Paulo: Cosac Naif, 2009. p. 277-298. DES CHENE, M. Locating the Past. In: GUPTA, A.; FERGUSON, J. (Org.). Anthropological locations: boundaries and grouns of a field science. Berkeley: University of California Press, 1997. p. 66-85.

DIEGUES, A. C. O Mito moderno da natureza intocada. São Paulo: Hucitec, 1996. ENGLUND, H; LEACH, J. Ethnography and the Meta-Narratives of Modernity. Current Anthropology, Chicago, v. 41, n. 2, p. 225-248, abr. 2000.

FELTRAN, G. Fronteiras de tensão. Política e violência nas periferias de São Paulo. São Paulo: Ed. Unesp, 2010.

FIGURELLI, M. Decompondo Registros: Conflitos de Terra em Pernambuco. 2007. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social) – Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2007.

GOLDMAN, M.; OSSOWICKI, T. M. Ethnicity. In: ROBERTSON, R.; SCHOLTE, J. (Org.). Encyclopedia of Globalization. New York: Routledge, 2006. p. 403-407.

GOMES, F. Roceiros, mocambeiros e as fronteiras da emancipação no Maranhão. In: GOMES, O.; GOMES, F. (Org.). Quase Cidadãos: Histórias e Antropologias da Pós-Emancipação no Brasil. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2007. p. 146-168.

GUEDES, A. D. O Trecho, as Mães e os Papéis. Etnografia de Movimentos e Durações no Norte de Goiás. Rio de Janeiro: Garamond; ANPOCS, 2013a.

GUEDES, A. D. Lutas por terra e lutas por território nas Ciências Sociais brasileiras: fronteiras, conflitos e movimentos In: ACSELRAD, H. (Org.) Cartografia social, terra e território. Rio de Janeiro: IPPUR/UFRJ, 2013b. p. 41-79.

GUEDES, A. D. Fever, movement, passion and dead cities in Northern Goiás. Virtual Brazilian Anthropology (Vibrant), Brasília, v. 11, n. 1, p. 56-95, jun. 2014. Disponível em:

www.vibrant.org.br/downloads/v11n1_guedes.pdf>. Acesso em: 30 jun. 2016.

GUEDES, A. D.; PEREIRA, J. C. M.; MELLO, M. M. Conflitos, visibilidades e territórios. A participação social da perspectiva dos povos e comunidades tradicionais. In: LOPES, J. S. L.;

HEREDIA, B. (Org.). Movimentos Sociais e Esfera Pública – o mundo da participação: burocracias, confrontos, aprendizados inesperados. Rio de Janeiro: Colégio Brasileiro de Altos Estudos, 2014. v. 1. p. 89-118.

HAESBAERT, R. O Mito da desterritorialização: do “fim dos territórios” à multiterritorialidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004.

HALE, C. Does multiculturalism menace? Governance, cultural rights and the politics of identity in Guatemala. Journal of Latin American Studies, Cambridge, v. 34, n. 3, p. 485-524, ago. 2002.

HALE, C. Neoliberal Multiculturalism: the remaking of cultural rights and racial dominance in Central America. Political and Legal Anthropological Review, v. 28, n. 1, p. 10-28, maio 2005.

HARVEY, D. O novo imperialismo. São Paulo: Boitempo, 2005.

HOFFMAN, M. B. Mapeamentos participativos e atores transnacionais: a formação de identidades políticas para além do Estado e dos grupos étnicos. In: ACSELRAD, H. (Org.). Cartografia social e dinâmicas territoriais. Marcos para o debate. Rio de Janeiro: IPPUR/UFRJ, 2010. p. 47-78.

KENT, M. Práticas territoriais indígenas entre a flexibilidade e a fixação. Mana, Rio de Janeiro, v. 17 n. 3, p. 549-582, dez. 2011. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-93132011000300003

LIMA, A. C. A “identificação” como categoria histórica. In: OLIVEIRA FILHO, J. P. (Org.). Indigenismo e Territorialização. Poderes, Rotinas e Saberes Coloniais no Brasil Contemporâneo. Rio de Janeiro: Contracapa, 1998. p. 221-268.

LITTLE, P. Territórios sociais e povos tradicionais no Brasil: por uma antropologia da territorialidade. Brasília: UnB, 2002. (Antropologia, 322).

MARX, K; ENGELS, F. O manifesto comunista. São Paulo: Boitempo Editorial, 1998.

OFFEN, K. The territorial turn: making black communities in Pacific Colômbia. Journal of Latin American Geography, v. 2, n.1, p. 43-73, dez. 2002.

OLIVEIRA, A. U. Os posseiros voltam a assumir o protagonismo da luta camponesa pela terra no Brasil. In: COMISSÃO PASTORAL DA TERRA (Org.). Conflitos no Campo no Brasil 2010. Goiânia: Comissão Pastoral da Terra, 2011. p. 55-62.

OLIVEIRA FILHO, J. P. Uma etnologia dos “índios misturados”? Situação colonial, territorialização e fluxos culturais. Mana, Rio de Janeiro, v. 4, n. 1, p. 47-77, abr. 1998. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-93131998000100003

PALACIOS, G. Campesinato e escravidão no Brasil. Agricultores livres e pobres na Capitania Geral de Pernambuco (1700-1817). Brasília: Ed. UnB, 2004.

PINA CABRAL, J. A pessoa e o dilema brasileiro: uma perspectiva anticesurista. Novos Estudos CEBRAP, São Paulo, n. 78, p. 95-111, jul. 2007. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S0101- 33002007000200010

SAUER, S; ALMEIDA, W. Conclusão. In: SAUER, S.; ALMEIDA, W. Terras e territórios na Amazônia: demandas, desafios e perspectivas. Brasília: Ed. UnB, 2011. p. 398-425.

SCHWEICKARDT, K. As diferentes faces do Estado na Amazônia: etnografia dos processos de criação e implantação da RESEX Médio Juruá e da RDS Uacari no Médio Rio Juruá. 2010. Tese (Doutorado em Sociologia e Antropologia) – Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2010.

SIDER, G. Lumbee Indian Cultural Nationalism and Ethnogenesis. Dialectical Anthropology, v. 1, n. 2, p. 161-172, 1976.

SIGAUD, L. Efeitos sociais de grandes projetos hidrelétricos: as barragens de Sobradinho e Machadinho. Rio de Janeiro: PPGAS/UFRJ, 1986 (Comunicação, 9).

SIGAUD, L. A forma acampamento: notas a partir da versão pernambucana. Novos Estudos CEBRAP, São Paulo, n. 58, p. 73-92, 2000.

SIGAUD, L. Ocupações de terra, Estado e movimentos sociais no Brasil. Cuadernos de Antropologia Social, Buenos Aires, n. 20, p. 11-23, dez. 2004.

STAVENHAGEN, R. Indigenous peoples: lands, territory, autonomy and self-determination. In: ROSSET, P.; PATEL, R.; COURVILLE, M. Promised Land: Competing Visions of Agrarian Reform. Oakland, CA: Food First Books, 2006. p. 208-211.

VAINER, C. O conceito de atingido. Uma revisão do debate e diretrizes. Rio de Janeiro: Mimeo, 2003.

VELHO, O. O Cativeiro da Besta Fera. In: VELHO, O. Mais Realistas que o Rei. Ocidentalismo, Religião e Modernidades Alternativas. Rio de Janeiro: Topbooks, 2007. p. 103-132.

Publicado

30-04-2016

Como Citar

Guedes, A. D. (2016). Lutas por terra e território, desterritorialização e território como forma social | Land and territory struggles, deterritorialization and territory as a social form. Revista Brasileira De Estudos Urbanos E Regionais, 18(1), 23. https://doi.org/10.22296/2317-1529.2016v18n1p23

Edição

Seção

Artigos