O corpo, a casa e a cidade: territorialidades de mulheres negras no Brasil

Autores/as

  • Maya Manzi Universidade Católica do Salvador, Programa de Pós-graduação em Território, Ambiente e Sociedade, Salvador, BA, Brasil https://orcid.org/0000-0001-9357-3964
  • Maria Edna dos Santos Coroa dos Anjos Universidade Católica do Salvador, Programa de Pós-graduação em Território, Ambiente e Sociedade, Salvador, BA, Brasil https://orcid.org/0000-0001-9829-4868

DOI:

https://doi.org/10.22296/2317-1529.rbeur.202132pt

Palabras clave:

Mujeres negras; Diáspora; Interseccionalidad; Racismo; Sexismo; Territorio; Territorialidad

Resumen

Este artigo apresenta uma discussão sobre a relação entre territorialidade e interseccionalidade com base na experiência da mulher negra brasileira, no decorrer do processo histórico que desencadeou uma longa trajetória de luta contra o racismo e o sexismo. Foi utilizada pesquisa bibliográfica e documental para discorrer sobre os territórios do corpo, da casa e da cidade, entendidos como espaços de opressão e de resistência. Essas categorias de análise têm recebido bastante atenção, especialmente dentro do movimento feminista negro, porém poucos estudos abordam de maneira explícita e aprofundada a relação entre interseccionalidade e territorialidade ancorada numa concepção ampliada do território que vai do corpo até a cidade. Pensar esses conceitos em conjunto e de forma multiescalar pode contribuir para dar maior visibilidade aos espaços de protagonismo das mulheres negras brasileiras na luta pela reparação, pelo reconhecimento e pelo direito de existir.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Biografía del autor/a

Maya Manzi, Universidade Católica do Salvador, Programa de Pós-graduação em Território, Ambiente e Sociedade, Salvador, BA, Brasil

Graduada em Geografia pela Université Laval, Québec, Canadá. Mestrado em Geografia na McGill University, Montreal, Canadá. Doutorado em Geografia na Clark University, Worcester, Estados Unidos. Pós-doutorados no Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Bahia (PPGAU-UFBA) e no Mecila (Maria Sibylla Merian Centre Conviviality-Inequality in Latin America), São Paulo. Atualmente é professora no curso de Geografia e no Programa de Pós-graduação em Território, Ambiente e Sociedade da Universidade Católica do Salvador (PPGTAS-UCSAL), coordenadora do Grupo de Pesquisa em Ecologia Política, Desenvolvimento e Territorialidades (GP-EPDT) e integrante da Rede de Pesquisadores em Geografia (Socio)Ambiental (RP-G(S)A).

Maria Edna dos Santos Coroa dos Anjos, Universidade Católica do Salvador, Programa de Pós-graduação em Território, Ambiente e Sociedade, Salvador, BA, Brasil

Graduada em Licenciatura em Filosofia pela Universidade Católica do Salvador (UCSAL). Mestre em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Social (PPGPTDS-UCSAL). Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Território, Ambiente e Sociedade da Universidade Católica do Salvador (PPGTAS-UCSAL) e integrante do Grupo de Pesquisa em Ecologia Política, Desenvolvimento e Territorialidades (GP-EPDT).

Citas

AKOTIRENE, C. Interseccionalidade. São Paulo: Pólen, 2019.

ALMEIDA, S. Racismo estrutural. São Paulo: Pólen, 2019.

ARGOLO, M. M. P. Construções e deslocamentos nas relações de gênero das mulheres/mães negras vitimadas pela violência policial contra jovens e adolescentes. 2018. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2018.

BAIRROS, L. Nossos feminismos revisitados. Revista Estudos Feministas, v. 3, n. 2, p. 458-463, 1995.

BRASIL. Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989. Define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor. Diário Oficial da União: Brasília, DF, 6 jan. 1989 (retificada em 9 jan. 1989).

CARNEIRO, S. Enegrecer o feminismo: a situação da mulher negra na América Latina a partir de uma perspectiva de gênero. LOLA Press, n. 16, 2001.

CARNEIRO, S. Mulheres em movimento. Estudos Avançados, v. 17, n. 49, p.117-132, 2003.

COLLINS, P. H. Learning from the outsider within: The sociological significance of Black feminist thought. Social problems, v. 33, n. 6, p. 14-32, 1986.

COLLINS, P. H. Intersectionality as critical social theory. Durham: Duke University Press, 2019.

CRENSHAW, K. W. Demarginalizing the intersection of race and sex: A black feminist critique of antidiscrimination doctrine, feminist theory and antiracist politics. The University of Chicago Legal Forum, p. 139-167, 1989.

DABIRI, E. Don’t touch my hair. London: Penguin Books, 2019.

FANON, F. Pele negra, máscaras brancas. São Paulo: UBU Editora, 2020.

GILROY, P. O Atlântico negro: modernidade e dupla consciência. Rio de Janeiro: Editora 34: Ucam, 2012.

GOMES, N. L. O Movimento Negro educador: saberes construídos nas lutas por emancipação. Petrópolis: Vozes, 2017.

GONZALEZ, L. A mulher negra na sociedade brasileira: uma abordagem político-econômica. In: LUZ, M. O lugar da mulher: estudos sobre a condição feminina. Rio de Janeiro: Graal, 1982. p. 89-105.

GONZALEZ, L. Racismo e sexismo na cultura brasileira. Revista Ciências Sociais Hoje, Anpocs, p. 223-244, 1984.

GONZALEZ, L. Por um feminismo afrolatinoamericano. Revista Iris Internacional, v. 9, p. 133-141, 1988a.

GONZALEZ, L. A categoria político-cultural de amefricanidade. Revista Tempo Brasileiro, n. 92-93, p. 69-82, jan.-jun. 1988b.

GONZALEZ, M. Dia da Doméstica: “Não queremos ser da família”, diz líder do sindicato. Universa UOL, 27 abr. 2021. Available at: https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2021/04/27/luiza-batista-trabalhadoras-domesticas-nao-queremos-ser-da-familia.htm. Viewed on: June 29, 2021.

GUTIÉRREZ RODRÍGUEZ, E. Politics of affects: transversal conviviality. European Institute for Progressive Cultural Policies, 2011. Available at: https://transversal.at/transversal/0811/gutierrez-rodriguez/en. Viewed on: Decemebr 18, 2020.

HAESBAERT, R. Território e multiterritorialidade: um debate. GEOgraphia, v. 9, n. 17, p. 19-45, 2007.

HOOKS, B. Feminist theory: from margin to center. Boston: South End Press, 1984.

HOOKS, B. Choosing the margin as a space of radical openness. Framework: The Journal of Cinema and Media, v. 36, p. 15-23, 1989.

HOOKS, B. Alisando o nosso cabelo. Revista Gazeta de Cuba – Unión de escritores y artista de Cuba, 2005. Disponível em https://www.geledes.org.br/alisando-o-nosso-cabelo-por-bell-hooks/. Acesso em: 18 dez. 2020.

HOOKS, B. Ensinando a transgredir: A educação como prática de liberdade. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2013.

KILOMBA, G. Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano. Rio de Janeiro: Cobogó, 2020.

LANDES, R. The City of Women. Albuquerque: University of New Mexico Press, [1947] 2006, E-book.

LEITE, I. B. Os quilombos no Brasil: questões conceituais e normativas. Etnográfica, v. 4, n. 2, p. 333-354, 2000.

MANIFESTO DA MARCHA DAS MULHERES NEGRAS 2015 CONTRA O RACISMO E A VIOLÊNCIA E PELO BEM VIVER. 27 jul. 2014. Available at: https://bityli.com/k4Ufm. Viewed on: June 28, 2021.

MEDEIROS, P. M. Rearticulando narrativas sociológicas: teoria social brasileira, diáspora africana e a desracialização da experiência negra. Sociedade e Estado, v. 33, n. 3, p. 709-726, 2018.

MOMBELLI, R., ALMEIDA, M. F. de. Caso Gracinha: pele negra, justiça branca. Revista Ñanduty, v. 4, n. 5, p. 171-195, 2016.

NASCIMENTO, B. O conceito de quilombo e a resistência cultural negra. Revista Afrodiáspora, v. 3, n. 6-7, p. 41-49, 1985.

NASCIMENTO, G. M. Grandes mães, reais senhoras. In: NASCIMENTO, E. L. (org.). Guerreiras da natureza: mulher negra, religiosidade e ambiente. São Paulo: Selo Negro, 2008. p. 55-74.

OLIVEIRA, F. Saúde da população negra: Brasil ano 2001. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2002.

OLIVEIRA, M. F. S. de; OLIVEIRA, O. J. R. de; BARTHOLO JR., R. dos S. Cultura, natureza e religião na constituição de territorialidade no candomblé da Bahia. Revista de Geografia (Recife), 27, 2, p. 26-39, 2010.

PEREIRA, B. P. De escravas a empregadas domésticas – A dimensão social e o “lugar” das mulheres negras no pós-abolição. In: SIMPÓSIO NACIONAL DA ANPUH, 26, 2011, São Paulo. Anais [...]. Rio de Janeiro: Anpuh, 2011.

PILE, S. Introduction: opposition, political identities and space of resistance. In: PILE, S.; KEITH, M. (ed.). Geographies of Resistance. New York and London: Routledge, 2009.

PISCITELLI, A. Shifting boundaries: sex and money in the North-East of Brazil. Sexualities, v. 10, n. 4, p. 489-500, 2007.

PRANDI, R. O Brasil com axé: candomblé e umbanda no mercado religioso. Estudos avançados, v. 18, n. 52, p. 223-238, 2004.

QUIJANO, A. Coloniality of power and Eurocentrism in Latin America. International Sociology, v. 15, n. 2, p. 215-232, 2000.

REIS, J. J. Quilombos e revoltas escravas no Brasil. Revista USP, v. 28, p. 14-39, 1996.

REIS, V. Black Brazilian women and the Lula administration. Nacla Report on the Americas, v. 40, n. 2, p. 38-41, 2007.

RIBEIRO, C. J.; AVILA, C. S. de. O direito à cidade e a mulher negra. Missões: Revista de Ciências Humanas e Sociais, v. 5, n. 2, p. 66-83, 2019.

RIBEIRO, M. Mulheres negras brasileiras de Bertioga a Beijing. Revista Estudos Feministas, v. 3, n. 2, p. 446-457, 1995.

SACK, R. D. Human territoriality: Its theory and history. Cambridge, Cambridge University Press, 1986.

SANTOS, E. F. “Um desbravado armado de machado e foice”: práticas de cura e religiosidade negra no Recôncavo baiano. Métis: história & cultura, v. 17, n. 34, p. 35-55, 2018.

SAQUET, M. A. Por uma abordagem territorial. In: SAQUET, M. A.; SPOSITO, E. S. Territórios e territorialidades: teorias, processos e conflitos. São Paulo: Expressão Popular, 2009. p. 73-94.

SOARES, C. M. As ganhadeiras: mulher e resistência negra em Salvador no século XIX. Afro-Ásia, v. 17, p. 57-71, 1996.

SOUZA, B. O. Aquilombar-se: panorama histórico, identitário e político do Movimento Quilombola Brasileiro. 2008. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-graduação em Antropologia Social, Universidade de Brasília, UnB, 2008.

SOUZA, M. L. de. O território: sobre espaço e poder, autonomia e desenvolvimento. In: CASTRO, I. E.; GOMES, P. C. C.; CORRÊA, R. L. Geografia: conceitos e temas. 12. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2009. p. 77-116.

TEIXEIRA, J. C.; SARAIVA, L. A. S.; CARRIERI, A. P. Os lugares das empregadas domésticas. Organizações & Sociedade, v. 22, n. 72, p. 161-178, 2015.

TELLES, L. F. D. S. Amas de leite. In: SCHWARCZ, L. M.; GOMES, F. Dicionário da escravidão e liberdade. São Paulo: Companhia das Letras, 2018. p. 99-105.

TRINDADE, A. L. da. Valores civilizatórios afro-brasileiros e educação infantil: uma contribuição afro-brasileira. In: BRANDÃO, A. P.; TRINDADE, A. L. da. (org.). Saberes e fazeres. v. 5: Modos de brincar. Rio de Janeiro: Fundação Roberto Marinho, 2010. p. 11-15.

VALE, M. M.; ARAS, L. M. B. de. Articulação da rede de mulheres negras na diáspora africana: tradição viva, contraditória, em constante reinvenção. Pontos de Interrogação – Revista de Crítica Cultural, v. 5, n. 2, p. 19-36, 2015.

VARGAS, L. M. A. Poética del peinado afrocolombiano. Bogotá: Instituto Distrital de Cultura y Turismo, 2003.

WEDIG, J. C.; RAMOS, J. D. D. Resistências camponesas em tempos de pandemia. Tessituras: Revista de Antropologia e Arqueologia, v. 8, n. 1, p. 41-47, 2020.

Publicado

2021-11-29

Cómo citar

Manzi, M., & Anjos, M. E. dos S. C. dos . (2021). O corpo, a casa e a cidade: territorialidades de mulheres negras no Brasil. Revista Brasileira De Estudos Urbanos E Regionais, 23. https://doi.org/10.22296/2317-1529.rbeur.202132pt

Número

Sección

Dossier: Territorio, género e interseccionalidades