Nós, os arquitetos dos sem-teto | We, the architects of the homeless

Autores

  • João Marcos de Almeida Lopes Universidade de São Paulo, Instituto de Arquitetura e Urbanismo, São Paulo, SP

DOI:

https://doi.org/10.22296/2317-1529.2018v20n2p237

Palavras-chave:

Atuação profissional, produção do habitat, moradia e autogestão

Resumo

A partir do relato de duas situações de trabalho envolvendo a interlocução entre arquitetos e movimentos sociais, este artigo procura demonstrar como a prática do ofício em contextos inusitados escapa dos protocolos formais, denegando caracterizações generalistas – como “o arquiteto”, “a arquitetura”, “o mercado” etc. – bem como possíveis enquadramentos semânticos mais apertados. Procura-se demonstrar o quão frágeis se tornam as designações mais flexíveis ou as conceituações mais rigorosas, frente a uma realidade instável e que não admite os protocolos tradicionais da prática do ofício. A partir dos relatos e dessas conjeturas, sugere-se que a profissão, atualmente esvaziada de seu sentido público e esgarçada nos limites de seus compromissos mais mundanos, deve ser reinventada.  Especula-se então quanto às possibilidades de o ofício assumir novos conteúdos e modificar estruturalmente o modo como opera suas atribuições práticas.

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Biografia do Autor

João Marcos de Almeida Lopes, Universidade de São Paulo, Instituto de Arquitetura e Urbanismo, São Paulo, SP

é Arquiteto e Urbanista; professor Associado do Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo e do Programa de Pós-graduação do IAU-USP; fundador e atualmente associado da USINA – Centro de Trabalhos para o Ambiente Habitado.

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Publicado

2018-03-27

Como Citar

Lopes, J. M. de A. (2018). Nós, os arquitetos dos sem-teto | We, the architects of the homeless. Revista Brasileira De Estudos Urbanos E Regionais, 20(2), 237. https://doi.org/10.22296/2317-1529.2018v20n2p237

Edição

Seção

Artigos