Desajustes do patrimônio: o Programa Monumenta em Laranjeiras, Sergipe

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22296/2317-1529.rbeur.202242

Palavras-chave:

Programa Monumenta, Laranjeiras (Sergipe), Iphan, Patrimônio Urbano

Resumo

Este artigo discute a implantação do Programa Monumenta como resultado das realizações conduzidas na cidade de Laranjeiras (SE), com vistas a identificar os possíveis limites do modelo adotado. O Monumenta foi proposto para conservar, restaurar e dinamizar o uso de bens culturais em abrangência nacional. Financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), pelo Governo Nacional, bem como por estados e municípios, teve como objetivo promover a sustentabilidade da conservação do patrimônio, apostando nas parcerias público-privadas. Em termos de método, o artigo se respalda na interpretação dos sentidos das ações atribuídos pelos agentes, com base em corpus documental do BID, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e em entrevistas com profissionais partícipes. Optou-se pelo escrutínio das ações empreendidas em Laranjeiras no contexto das estratégias e relatos de dificuldades gerais do Programa, para assim subsidiar a análise de seus conflitos, limites e contribuições para a cidade. O texto estrutura-se em uma introdução, com apresentação do estado da arte, e em seções nas quais se discorre sobre as estratégias de ação, as dificuldades vividas e a implementação em Laranjeiras; finaliza-se com a apresentação de seu significado como ação governamental.

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Biografia do Autor

Ana Clara Giannecchini, Universidade de Brasília, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Brasília, DF, Brasil

Professora do Departamento de Projeto, Expressão e Representação (PRO) da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília (UnB). Pós-doutoramento na mesma instituição, onde concluiu o doutorado (2019). Especialista em Gestão Pública pela Escola Nacional de Administração Pública (2014). Mestre (2009) e graduada em Arquitetura e Urbanismo (2004) pela Universidade de São Paulo (USP). Foi arquiteta do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (2010-2022), onde desenvolveu trabalhos de normas de preservação para as cidades tombadas. Tem experiência em políticas públicas de preservação do patrimônio cultural, no planejamento urbano e na conservação urbana de cidades históricas, assim como em projetos de restauro. Desenvolve atividades de pesquisa e ensino sobre preservação do patrimônio cultural, história e teoria da cidade, planejamento urbano e arquitetura e urbanismo modernos. É membro do grupo de pesquisa Cidades Possíveis do PPG-FAU/UnB na linha de pesquisa Representações da cidade: patrimônio cultural, arte e literatura.

Elane Ribeiro Peixoto, Universidade de Brasília, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Brasília, DF, Brasil

Graduada em Arquitetura e Urbanismo, é professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília (UnB). Mestre (1996) e doutora (2003) em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo (USP). Foi bolsista no Laboratoire d’Antropologie et des Institutions Humaine em Paris (2001) e professora visitante na Università Iuav di Venezia (IUAV, 2015). Suas pesquisas e orientações de mestrado e doutorado concentram-se na área de Teoria História e Crítica, com trabalhos em três linhas de pesquisa: História e Teoria da Arquitetura, História e Teoria da Cidade e do Urbanismo e Patrimônio e Preservação. Traduziu para o português o Culto moderno do patrimônio: sua essência e sua gênese, de Alöis Riegl, e Percorrer a cidade, de Henri Pierre Jeudy, livros publicados pela Editora da Universidade Católica de Goiás. Integra como líder o grupo de pesquisa Cidades Possíveis. Seus temas de pesquisa são preferencialmente a cidade contemporânea, suas dinâmicas e seu patrimônio cultural. Desenvolve pesquisa e extensão em escolas públicas de Ensino Fundamental em Brasília, DF, com vistas a contribuir para o debate da cidade em sua dimensão espacial, histórica e patrimonial. Coordenou a linha de pesquisa História e Teoria da Arquitetura no Programa de Pós-graduação da FAU-UnB. Tem colaborado na organização e curadoria das edições do evento “Café com Europa”, patrocinado pela Embaixada da União Europeia (Eunic), além de ser uma das organizadoras das publicações resultantes. Participou na concepção do roteiro do filme Um portão aberto para Ceilândia (2020), fundamentado em pesquisa financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF).

 

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BRASIL. Ministério da Cultura. Relatório de Progresso – Primeiro semestre de 2006. Programa Monumenta. Brasília, DF: MinC, 2006a.

BRASIL. Ministério da Cultura. Relatório de Progresso – Segundo semestre de 2006. Programa Monumenta. Brasília, DF: MinC, 2006b.

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BRASIL. Ministério da Cultura. Relatório de Progresso – Primeiro semestre de 2010. Programa Monumenta. Brasília, DF: MinC, 2010a.

BRASIL. Ministério da Cultura. Relatório de Progresso – Segundo semestre de 2010. Programa Monumenta. Brasília, DF: MinC, 2010b.

BRASIL. Ministério da Cultura. Relatório de Progresso – Primeiro semestre de 2011. Programa Monumenta. Brasília, DF: MinC, 2011a.

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Publicado

10-01-2023

Como Citar

Giannecchini, A. C., & Peixoto, E. R. (2023). Desajustes do patrimônio: o Programa Monumenta em Laranjeiras, Sergipe. Revista Brasileira De Estudos Urbanos E Regionais, 24(1). https://doi.org/10.22296/2317-1529.rbeur.202242

Edição

Seção

Artigos - Cidade, História e Cultura