Os industriais da seca e a política da seca no Nordeste brasileiro
DOI:
https://doi.org/10.22296/2317-1529.rbeur.202551ptPalavras-chave:
Antonio Callado, Planejamento regional, Desigualdades socioespaciais, Desenvolvimento Regional, Política PúblicaResumo
Este artigo examina a crítica de Antonio Callado às dinâmicas sociais e políticas em torno da seca no Nordeste brasileiro, apresentada em suas crônicas de 1959 para o Correio da Manhã. Callado expôs a Indústria da Seca, uma rede de latifundiários e políticos que exploravam os esforços contra a seca para ganhos pessoais e políticos. Ele mostrou como a seca, frequentemente vista como uma questão climática, era usada para perpetuar desigualdades e manter desequilíbrios de poder. O estudo adota uma metodologia histórico-documental, baseada nas crônicas de Callado e fontes de arquivo. Ancorada na teoria do espaço de Milton Santos, a pesquisa analisa como estruturas sociopolíticas e o controle de recursos moldaram a seca como oportunidade de lucro e dominação. Incorporando o pensamento de Celso Furtado sobre reforma agrária e distribuição equitativa de recursos, o artigo enfatiza a seca como reflexo de desigualdades e um espaço contestado de poder.
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