PRORROGAÇÃO DO PRAZO DE SUBMISSÃO DE ARTIGOS PARA O DOSSIÊ TERRITÓRIO, GÊNERO E INTERSECCIONALIDADES

25-11-2020

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A Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais (RBEUR) informa que foi prorrogado para o dia 20.12.2020 o prazo de submissão de trabalhos para o Dossiê Território, Gênero e Interseccionalidades.

Aproveitamos para esclarecer que os artigos que não dialogam com a chamada devem ser submetidos no fluxo contínuo da RBEUR, que seguirá recebendo contribuições.

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Dossiê Temático: Território, Gênero e Interseccionalidades

Editoras convidadas: Diana Helene, Gabriela Leandro, Paula Freire Santoro e Rossana Brandão Tavares

 

O dossiê Território, Gênero e Interseccionalidade busca reunir estudos urbanos e regionais com base em abordagens feministas e/ou interseccionais, que considerem as dimensões de gênero, raça, classe e sexualidade (e outras) como componentes de um conjunto interligado de opressões. Dessa forma, pretende-se lançar luz sobre as diferentes experiências de mulheres atravessadas por esse conjunto que está na base das relações sociais, calcadas no capitalismo, no heteropatriarcado, na supremacia branca e na colonização européia. Os trabalhos devem refletir epistemologias que questionem o lugar neutro da ciência e da produção do conhecimento, permitindo uma maior aproximação com as realidades sociais experienciadas pelas/os sujeitas/os. Ou seja, pretende-se mobilizar um esforço coletivo, teórico e político, de construção de uma outra epistemologia, outra forma de refletir e se colocar no mundo, referidas à experiência e a pontos de vista situados.

Sem descartar outras possibilidades, interessa:

- Compreender as propostas e possibilidades do urbanismo feminista e as reformulações do direito à cidade desde uma perspectiva feminista e/ou interseccional;

- Acolher trabalhos que se apoiem em  abordagens etnográficas; pontos de vista situados; debatam a perspectiva do lugar de fala subalternizado e/ou que usem ideia de outsider within (“forasteira de dentro”, termo de Patrícia Hill Collins). Também são bem-vindas abordagens metodológicas contra-hegemônicas, que tragam experiências vividas nos territórios, ou que discutam práticas que desafiam os conhecimentos instituídos e a relação com o cotidiano;

- Dialogar com teorias que dediquem-se aos processos de acumulação por despossessão estruturais, considerando seus enraizamentos coloniais, e/ou formas contemporâneas de relações patriarcais, como pelo endividamento das famílias, ou pela espoliação, saque de terras e recursos comuns;

- Compreender as diferentes formas de violência, não apenas a física, explícita nas remoções e deslocamentos forçados, mas as cotidianas, lentas, sutis, que incidem sobre os corpos e mentes, principalmente de pessoas racializadas, mulheres e/ou LGBTQI+, e que também são encontradas nas formas de apropriação do território através do saqueio de terras, da ameaça e da remoção ou despejo e seus processos de transitoriedade permanente, de operações policiais que provocam territorialidades itinerantes, entre outros;

- Analisar os limites e desafiar as abordagens que reforçam papéis binários, ou que estruturam uma ordem heteropatriarcal e/ou racial, como casa/cidade, público/privado, moradia/trabalho, consumo/produção, individual-doméstico/ coletivo, pureza/impureza, entre outros;

- Revisitar, a partir de olhares feministas e/ou interseccionais, conceitos de segregação e auto-segregação usados pela literatura, como gueto ou enclaves, tendo como referências os territórios LGTBQI+, da prostituição, enclaves raciais e/ou étnicos, entre outros; além dos diferentes e complexos aspectos regionais brasileiros e/ou latino-americano que atravessam as dinâmicas territoriais;

- Explorar a leitura das resistências a diferentes processos de despossessão a fim de compreendê-las como parte de processos de destruição mas também de reconstrução de relações e redes, em um reposicionamento no território. Compreender se e qual potência transformadora está sendo gestada nas mobilizações e greves em torno de transformações estruturais fomentadas nas assembleias e em outras formas de organização da vida em torno do trabalho, como economia social e solidária, fábricas recuperadas, mutirões e canteiros autogestionários;

- Discutir a relação corpo e espaço a partir das teorias da performatividade com vistas a ampliar as perspectivas materialistas, artísticas e críticas da produção conhecimento no planejamento urbano e regional e no urbanismo, reconhecendo a autonomia dos sujeitos sociais na construção de linguagens, resistências e alianças;

- Refletir sobre metodologias de pesquisa em diálogo com as noções de epistemicídio, de outridade, relacionadas à produção de conhecimento sobre a cidade e os territórios, assim como sua implicação na reelaboração de premissas formais, estéticas e performativas das textualidades acadêmicas;

- Discutir questões relacionadas à ancestralidade, povos tradicionais, memória, conexões diaspóricas, fluxos migratórios, xenofobia e práticas do cuidado e suas interfaces com as dinâmicas territoriais – presentes sobretudo em territórios de maioria negra, cuja matrilinearidade faz-se um marcador relevante –, que pluralizam perspectivas estreitas do trabalho produtivo/reprodutivo, assim como lógicas e dinâmicas combinadas e negociadas na constituição relacional de espaços públicos, privados, coletivos, sagrados, etc.;

- Publicar trabalhos críticos e criativos, que se proponham a realizar investigações de caráter especulativo sobre futuros e reinvenções de cidades, permitindo, implantar incertezas, problematizar e ousar pensar outras realidades e dar espaço para explorações sobre a(s) utopia(s).

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Agradecemos a Nadine Nascimento pela arte.