Hic et nunc: qual concepção de desenvolvimento quando se trata de desenvolvimento regional?

Autores

  • Ivo Marcos Theis Universidade de Blumenau, Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Regional, Blumenau, SC, Brasil https://orcid.org/0000-0003-0128-2188

DOI:

https://doi.org/10.22296/2317-1529.rbeur.202224pt

Palavras-chave:

Autodeterminação Social, Brasil, Capital, Desenvolvimento, Desenvolvimento Regional, Estado

Resumo

Neste artigo, intenta-se avaliar os significados da noção de desenvolvimento que vêm informando as análises sobre “desenvolvimento regional” no Brasil, considerando o âmbito de atuação dos programas de pós-graduação vinculados a esse campo de conhecimento. Em termos metodológicos, recuperam-se as raízes da noção de desenvolvimento, examinam-se alguns significados que ela assumiu ao longo de sua trajetória e revisam-se algumas críticas à concepção de desenvolvimento, aí se chamando à superfície algumas alternativas. A conclusão é de que a noção de desenvolvimento tem sido incapaz de conduzir à superação do real existente. Daí postular-se uma proposição que transcenda (empírica, teórica e politicamente) o protagonismo do capital e do Estado e contemple uma transformação social desde baixo, fundada no impulso para a autodeterminação social.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Ivo Marcos Theis, Universidade de Blumenau, Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Regional, Blumenau, SC, Brasil

Economista, com doutorado em Geografia Humana pela Eberhard Karls Universität Tübingen, Alemanha (1992-1997). Pós-doutorados em Política Científica e Tecnológica, pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp, 2007-2008), e em Desenvolvimento Regional, pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc, 2016-2017). Professor-pesquisador do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Regional (PPGDR), da Universidade de Blumenau. Líder do Núcleo de Pesquisas em Desenvolvimento Regional (NPDR), editor da Revista Brasileira de Desenvolvimento Regional (RBDR) e bolsista de produtividade em pesquisa pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Referências

AGARWALA, A. N.; SINGH, S. P. The economics of underdevelopment. New York: Oxford University Press, 1958.

ANWEILER, O. The soviets: the Russian workers, peasants, and soldiers councils, 1905-1921. Tradução: R. Hein. New York: Pantheon Books, 1974.

BERMAN, M. Tudo que é sólido desmancha no ar: a aventura da modernidade. Tradução: C. F. Moisés; A. M. L. Ioriatti. São Paulo: Cia. das Letras, 1986.

BIROU, A.; HENRY, P.-M. (org.). Um outro desenvolvimento. Tradução: M. S. Gonçalves. São Paulo: Vértice, 1987.

BLOCH, E. Thomas Münzer: teólogo da revolução. Tradução: V. Chacon; C. A. Galeão. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1973.

BLOCH, E. O princípio esperança. Tradução: N. Schneider. Rio de Janeiro: Contraponto; Ed. da Uerj, 2006, v. 3.

CMMAD. Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Nosso futuro comum. Rio de Janeiro: FGV, 1988.

DINERSTEIN, A. C. The politics of autonomy: the art of organising hope. Hampshire: Palgrave Macmillan, 2015.

DINERSTEIN, A. C. Organizando la esperanza: utopías concretas pluriversales contra y más allá de la forma valor. Educação e Sociedade, v. 37, n. 135, p. 351-369, 2016.

EKINS, P. (org.). The living economy: a new economics in the making. London: Routledge, 1986.

ESCOBAR, A. Encountering development: the making and unmaking of the Third World. Princeton: Princeton University Press. 1995.

ESTEVA, G. Development. In: SACHS, W. (org.). The development dictionary: a guide to knowledge as power. 2nd ed. London: Zed Books, 2010. p. 1-23.

FAGEN, R. R. Theories of development: the question of class struggle. Monthly Review, v. 35, n. 4, p. 13-24, 1983.

FRANK, A. G. Acumulação dependente e subdesenvolvimento: repensando a teoria da dependência. Tradução: C. A. Marcondes. São Paulo: Brasiliense, 1980.

FURTADO, C. Desenvolvimento e subdesenvolvimento. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 1961.

FURTADO, C. O mito do desenvolvimento econômico. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1974.

FURTADO, C. Criatividade e dependência na civilização industrial. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.

GEORGE, G. Social alternatives and the state: some lessons of the Spanish Revolution. Social Alternatives, v. 2, n. 3, p. 30-44, 1982.

GEORGESCU-ROEGEN, N. The entropy law and the economic process. Cambridge/Mass.: Harvard University Press, 1971.

GEORGESCU-ROEGEN, N. Demain la décroissance: entropie, écologie, économie. Lausanne: Pierre Marcel Favre, 1979.

GUTIÉRREZ AGUILAR, R. Sobre la autorregulación social: imágines, posibilidades y límites. In: ADAMOVISKY, E. et al. Pensar las autonomías. Santiago de Chile: Bajo Tierra; Quimantú, 2012. p. 345-370.

HARVEY, D. Espaços de esperança. Tradução: A. U. Sobral; M. S. Gonçalves. São Paulo: Loyola, 2004.

HIRSCHMANN, A. O. As paixões e os interesses: argumentos políticos a favor do capitalismo antes de seu triunfo. Tradução: L. Campello. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.

HOLLOWAY, J. Del grito de rechazo al grito de poder: la centralidad del trabajo. In: BONNET, A.; HOLLOWAY, J.; TISCHLER, S. (org.). Marxismo abierto: una visión europea y latinoamericana. Buenos Aires: Herramienta, 2005. v. 1, p. 7-40.

HOLLOWAY, J. Contra y más allá del capital: reflexiones a partir del debate sobre el libro “cambiar el mundo sin tomar el poder”. Buenos Aires: Herramienta; Puebla: Universidad Autónoma de Puebla, 2006.

KALECKI, M. Economias em desenvolvimento. Tradução: A. U. Sobral. São Paulo: Vértice, 1988.

KALLIS, G.; KERSCHNER, C.; MARTINEZ-ALIER, J. The economics of degrowth. Ecological Economics, v. 84, p. 172-180, 2012.

KAY, G. Desenvolvimento e subdesenvolvimento: uma análise marxista. Tradução: A. Veiga Fialho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1977.

KEYNES, J. M. A teoria geral do emprego, do juro e da moeda. Tradução: M. R. Cruz. São Paulo: Abril Cultural, 1983. Série: Os Economistas.

LATOUCHE, S. Petit traité de la decroissance sereine. Paris: Mille et une nuits, 2007.

LÊNIN, V. I. O desenvolvimento do capitalismo na Rússia. Tradução: José Paulo Netto. São Paulo: Abril Cultural, 1982. Série: Os Economistas.

LIPIETZ, A. Towards a new economic order: postfordism, ecology and democracy. Tradução: M. Slater. Oxford: Oxford University Press, 1992.

LUXEMBURGO, R. A acumulação do capital: contribuição ao estudo econômico do imperialismo. Tradução: M. V. Lisboa; O. E. W. Maas. São Paulo: Abril Cultural, 1984. 2v.: Os Economistas.

MARINI, R. M. Subdesarrollo y revolución. México, DF: Siglo XXI, 1969.

MARSHALL, A. Princípios de economia. Tradução: R. Almeida; O. Strauch. São Paulo: Abril Cultural, 1982. v. 1: Os Economistas.

MARX, K. Das Kapital: Kritik der politischen Ökonomie (= MEW, Band 23). Berlin: Dietz Verlag, [1890] 1993.

MARX, K. A guerra civil na França. Tradução: R. Enderle. São Paulo: Boitempo, 2011.

MEADOWS, D. H. et al. Limites do crescimento. Tradução: I. M. F. Litto. 2 ed. São Paulo: Perspectiva, 1978.

MILL, J. S. Princípios de economia política: com algumas de suas aplicações à filosofia social. Tradução: L. J. Baraúna. São Paulo: Abril Cultural, 1983. Série: Os Economistas.

OHMAE, K. The end of the nation state: the rise of regional economies. New York: Free Press, 1995.

PEET, R.; WATTS, M. Liberation ecology: development, sustainability, and environment in an age of market triumphalism. In: PEET, R.; WATTS, M. (org.). Liberation ecologies: environment, development, social movements. London: Routledge, 1996, p. 1-45.

RAHNEMA, M.; BAWTREE, V. (org.). The post-development reader. London: Zed Books, 1997.

RAPP, F. Fortschritt: Entwicklung und Sinngehalt einer philosophischen Idee. Darmstadt: Wissenschaftliche Buchgesellschaft, 1992.

REDCLIFT, M. Sustainable development: exploring the contradictions. London: Routledge, 1995.

ROSTOW, W. W. The stages of economic growth: a non-communist manifesto. Cambridge: Cambridge University Press, 1960.

SACHS, I. Stratéowngies de l’écodéveloppment. Paris: Éd. Economie et Humanisme; Éd. Ouvrières, 1980.

SACHS, I. Ecodesenvolvimento: crescer sem destruir. Tradução: E. Araújo. São Paulo: Vértice, 1986.

SACHS, W. Zur Archäologie der Entiwcklungsidee: acht Essays. Frankfurt a. M.: Verlag für Interkulturelle Kommunikation, 1992.

SACHS, W. Fair wealth: pathways into post-development. In: PALOSUO, E. (org.). Rethinking development in a carbon-constrained world: development cooperation and climate change. Helsinki: Ministry for Foreign Affairs of Finland, 2009. p. 196-206.

SANYAL, K. Rethinking capitalist development: primitive accumulation, governmentality and post-colonial capitalism. London: Routledge, 2007.

SBERT, J. M. Progress. In: SACHS, W. (org.). The development dictionary: a guide to knowledge as power. 2nd ed. London: Zed Books, 2010. p. 212-227.

SCHUMACHER, E. F. Small is beautiful: a study of economics as if people mattered. London: Blond & Briggs, 1973.

SHIVA, V. Staying alive: women, ecology and development. London: Zed Books, 1989.

SMITH, A. A riqueza das nações: investigação sobre sua natureza e suas causas. Tradução: L. J. Baraúna. São Paulo: Abril Cultural, 1983. Série: Os Economistas.

THEIS, I. M. Do desenvolvimento desigual e combinado ao desenvolvimento geográfico desigual. Novos Cadernos NAEA, v. 12, n. 2, p. 241-252, 2009.

THEIS, I. M. A atualidade da utopia na perspectiva de Ernst Bloch. PRACS, v. 12, n. 3, p. 7-31, 2019a. Availabe at: https://periodicos.unifap.br/index.php/pracs/article/view/5017/ivov12n3.pdf. Viewed on: March 9, 2020.

THEIS, I. M. O que é desenvolvimento regional? Uma aproximação a partir da realidade brasileira. Redes, v. 24, n. 3, p. 334-360, 2019b. Available at: https://online.unisc.br/seer/index.php/redes/article/view/13670/pdf. Viewed on: October 11, 2019.

WOLFE, M. Desenvolvimento: para que e para quem? Tradução: J. Maia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1976.

ZEA, L. Do colonialismo ao desenvolvimento dos povos pela universalização dos valores ocidentais. In: BIROU, A.; HENRY, P.-M. (org.). Um outro desenvolvimento. Tradução: M. S. Gonçalves. São Paulo: Vértice, 1987. p. 274-283.

ZIAI, A. The ambivalence of post-development: between reactionary populism and radical democracy. Third World Quarterly, 25 (6), p. 1045-1060, 2004.

ZIAI, A. (org.). Exploring post-development: theory and practice, problems and perspectives. London: Routledge, 2007.

Publicado

11-10-2022

Como Citar

Theis, I. M. (2022). Hic et nunc: qual concepção de desenvolvimento quando se trata de desenvolvimento regional? . Revista Brasileira De Estudos Urbanos E Regionais, 24(1). https://doi.org/10.22296/2317-1529.rbeur.202224pt

Edição

Seção

Artigos - Espaço, Economia e População