Imagética espacial no capitalismo extrativo: forma e força nos diagramas de responsabilidade social empresarial

Autores

  • Henri Acselrad Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
  • Wendell Ficher Teixeira Assis Universidade Federal de Alagoas, Programa de Pós-graduação em Sociologia, Maceió, AL, Brasil https://orcid.org/0000-0002-9711-0884

DOI:

https://doi.org/10.22296/2317-1529.rbeur.202226pt

Palavras-chave:

Diagramas, Responsabilidade Social Empresarial, Mapeamento de Riscos, Capitalismo de Fluxos, Indústria Extrativa

Resumo

No capitalismo contemporâneo de fluxos, as corporações cujos negócios dependem de recursos do território recorrem crescentemente a políticas sociais privadas visando favorecer a inserção territorial de seus projetos. Com o propósito de assegurar sua reputação, participam de uma disputa pela representação do espaço social mediante o uso crescente do instrumento visual dos diagramas. Entre os usos empresariais de diagramas, dois são aqui discutidos. Enquanto os diagramas de “responsabilidade social empresarial” pressupõem um espaço harmônico de parceria e cooperação, os mapeamentos ditos “de risco”, para uso interno das empresas, mostram a presença do dissenso e de ameaças ao rumo dos negócios. O texto faz uma leitura crítica da literatura do management empresarial e do material diagramático que a compõe e discute diagramas publicados em relatórios de sustentabilidade e responsabilidade social empresarial de grandes corporações do setor extrativo mineral.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Henri Acselrad, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

Doutor em Economia Pública e Organização do Território pela Université de Paris I. Professor do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Ippur/UFRJ) e pesquisador do CNPq.

Wendell Ficher Teixeira Assis, Universidade Federal de Alagoas, Programa de Pós-graduação em Sociologia, Maceió, AL, Brasil

Doutor em Planejamento Urbano e Regional pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (Ippur/UFRJ).

Referências

BALANDIER, G. Images, images, images. Cahiers internationaux de sociologie, v. LXXXIII, PUF, p. 134-136, juin 1987.

BATT, N. L’Expérience diagrammatique: un nouveau régime de pensée. Théorie Littérature Epistémologie, n. 22, Saint Denis, Presses Universitaires de Vincennes, p. 5-28, 2004.

BOISTEL, P. Reputation: un concept à définir. Communication et organisation, 46, p. 211-224, 2014.

BOLTANSKI, L.; CHIAPELLO, È. O novo espírito do capitalismo. Tradução: Ivone C. Benetti. Revisão técnica: Brasílio Sallum Jr. São Paulo, Martins Fontes, 2009.

BOURDIEU, P. O poder simbólico. Lisboa; Rio de Janeiro: Bertrand; Difel, 1989.

BRAGA, R; BRUNI, A. L; MONTEIRO, A. Estratégia e decisões de investimento em condições de risco: um estudo na Veracel Celulose S/A. In: CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE ESTRATÉGIA, 20. 2007, Barranquilla, Colômbia. Anais [...]. Barranquilla: Slade, 2007.

CARDEBAT, J.-M.; CASSAGNART, P. La RSE comme instrument de couverture du risqué de réputation. In: POSTEL, N.; CAZAL, D.; CHAVY, F.; SOBEL, R. (ed.). La Responsabilité Sociale de l’Entreprise – nouvelle regulation du capitalisme. Lille: Presses Universitaires du Septentrion, 2011. p. 73-88.

CARROLL, A. The pyramid of corporate social responsibility: Toward the moral management of organizational stakeholders. Business Horizons, 34(4), p. 39-48, 1991. DOI: http://dx.doi.org/10.1016/0007-6813(91)90005-g.

CARVALHO, M. M. de; RABECHINI JR, R. Fundamentos em gestão de projetos: Construindo competências para gerenciar projetos: teoria e casos. São Paulo: Atlas, 2011.

CATELLANI, A. La Justification et la présentation des démarches de responsabilité sociétale dans la communication corporate: notes d’analyse textuelle d’une nouvelle rhétorique épidictique. Études de communication [En ligne], 37, 2011.

CLARKSON, M. B. E. A stakeholder framework for analyzing and evaluating corporate social performance. The Academy of Management Review, v. 20, n. 1, p. 92-117, jan. 1995.

DAHAN-GAIDA, L. Le Diagramme entre esthétique et connaissance. Cahiers internationaux de symbolisme, n. 146-147-148, p. 42-60, 2017.

DÉBORD, G. A sociedade do espetáculo. Tradução: Estela dos Santos Abreu. Rio de Janeiro: Contraponto, [1967] 1997.

DELEUZE, G. Foucault. São Paulo: Brasiliense, 1988.

DONDERO, M. G. Diagramme et parcours visuels de la démonstration. Actes Sémiotiques [En ligne], n. 114, 2011. Disponível em: http://epublications.unilim.fr/revues/as/2775. Acesso em: 23 out. 2016.

DULKIAH, M.; SULASTRI, L.; IRWANDI, I.; SARI, A. Corporate Social Responsibility (CSR) and social conflict potencies in mining areas community: empirical evidences from Indonesia. Journal of Critical Reviews, v. 6, issue 4, p. 52-56, 2019.

EUROPEAN UNION. MICA Stakeholder Report Identification & Analysis. Bruxelas: Mineral Intelligence Capacity Analysis, 2020.

FERNANDES, T. S. Modernidade e geometrias – a representação da ordem na obra de Èmile Durkheim. Cadernos de Ciências Sociais, n. 12-13, p. 107-148, jan. 1993.

FONSECA, P., DE NADAE, J., PACHECO DO VALE, J. W. S.; CARVALHO, M. M. de. Gerenciamento de stakeholders em projetos: um estudo em uma empresa de serviços. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE GESTÃO DE PROJETOS, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE, 5. 2017, São Paulo. Anais […]. São Paulo: Singep, 2017. 17 p.

FREDERICK, W. C. From CSR1 to CRS2. Business & Society, 33 (2), p. 150-166, 1994.

FREEMAN, R. E. Strategic management: a stakeholder approach. Boston: Pitman, 1984.

FREEMAN, R. E. Divergent stakeholder theory. Academy of Management Review, v. 4, p. 233-236, 1999.

FREEMAN, R. E. Changing the story of business and stakeholder theory. Publicado pelo Canal Conscious Venture Lab. Capitalism Transformed, 2013. Disponível em: http://www.consciousventurelab.com/changing-story-business-stakeholder-theory-r-edward-freeman/. Acesso em: 27 ago. 2020.

GAUDEMAR, J.-P. de. De la fabrique au site: naissance de l’usine mobile. In: CORIAT, B. et al. Usines et ouvriers – figures du nouvel ordre productif. Paris: François Maspéro, 1980. p.13-40.

GAUDEMAR, J.-P. De. L’Ordre et la production – naissance et formes de la discipline d’usine. Paris: Dunod, 1982.

JAMESON, F. Pós-modernismo – a lógica cultural do capitalismo tardio. São Paulo. Ática, 1996.

KELLY, C. Discurso na Association of Americans for Civic Responsibility (AACR) Roundtable Conference. Washington, DC. 2005. Disponível em: www.boozallen.com/. Acesso em: 21 maio 2020.

KYTLE, B, RUGGIE, J. Corporate social responsibility as risk management: A model for multinationals. Corporate social responsibility initiative. Cambridge, MA: John F. Kennedy School of Government, Harvard University, 2005. (Working paper n. 10).

LÔBO, L. Relevância social das florestas plantadas. Monitoramento social/ambiental: perspectivas e desafios para o setor florestal no Brasil. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO, 31. 2007, Gramado. Anais [...]. Gramado: CBCS, 2007.

LUSSAULT, M. L’Homme Spatial. La construction sociale de l’espace humain. Paris: Éditions du Seuil, 2007.

MARX, K. Le Capital – Livre I. Paris: Editions Sociales, 1976.

MEIER, A. Diagrammes, architecture, musique. Rue Descartes, n. 56, p. 46-57, 2007.

MITCHELL, R. K., AGLE, B. R., WOOD, D. J. Toward a theory of stakeholder identification and salience: Defining the principle of who and what really counts. The Academy of Management Review, 22(4), p. 853-886, 1997.

MORETTI, F. A literatura vista de longe. Porto Alegre: Arquipélago, 2008.

MOUNTFORD, S. A indústria de mineração enfrenta uma luta para conquistar os corações e mentes do público. [S. l.]: GlobeScan, 2013. Disponível em: https://globescan.com/2013/05/16/mining-industry-faces-a-struggle-to-win-public-hearts-and-minds/. Acesso em: 18 jul. 2022.

NICOLAS, L. La Fonction héroıque: parole épidictique et enjeux de qualification. Rhetorica, v. XXVII, issue 2, p. 115-141, 2009.

NUBIOLA, J.; BARRENA, S. D. Diagrams and reasonableness in Charles S. Peirce’s letters during his first visit to Europe (1870-71). In: ENGEL, F.; QUEISNER, M.; VIOLA, T. (ed.). Das bildnerisches Denken: Charles S. Peirce. Berlin: Akademie Verlag, 2012. p. 175-185. DOI: https://doi.org/10.1524/9783050062532.175.

PADEIRO, C. Mapa de stakeholders: uma ferramenta de comunicação. São Paulo: Associação Brasileira de Comunicação Empresarial. Disponível em: http://www.aberje.com.br/revista/mapa-de-stakeholders-uma-ferramenta-de-comunicacao/. Acesso em: 28 fev. 2018.

PINTO, R. G. Conflitos ambientais, corporações e as políticas do risco. Rio de Janeiro: Garamond, 2019.

PINTO, R. G.; WANDERLEI, L. J. Memória e resistência: a experiência do mapeamento participativo da comunidade quilombola do Linharinho, Espírito Santo. In: ACSELRAD, H. (org.). Cartografia social e dinâmicas territoriais: marcos para o debate. Rio de Janeiro: Ippur/UFRJ, 2012. p. 195-222.

SAID, E. Cultura e imperialismo. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

SAVAGE, G. T.; NIX, T. W.; WHITEHEAD, C. J.; BLAIR, J. D. Strategies for assessing and managing organizational stakeholders. Academy of Management Executive, v. 5, n. 2, p. 61-75, 1991. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/4165008?seq=1#page_scan_tab. Acesso em: 4 out. 2015.

SPINOZA, B. Ética. 2. ed. Tradução: Tomaz Tadeu. Belo Horizonte: Autêntica, 2008.

STENGERS, I.; PIGNARRE, P. La Sorcellerie capitaliste. Pratiques de désenvoûtement. Paris: La Découverte, 2005.

STJERNFELT, F. Diagram as centerpiece of Peircean epistemology. Transactions of the Charles S. Peirce Society, 36 (3), p. 357-384, 2000.

THOMPSON, D. On growth and form. New York: Dover, 1992.

VERHAEGEN, P. Image, diagramme et métaphore – à propos de l’icône chez C. S. Peirce. Recherches en Communication, n. 1, p. 19-48, 1994.

VIQUEZ, R. RSC y Stakeholders – Enfoque estratégico para las empresas que desean abordar con seriedad sus responsabilidades ante la sociedad. Bogotá: Banco de Colombia, 2013. Disponível em: https://es.slideshare.net/fundemas/bac-roxana-vquez. Acesso em: 19 out. 2021.

VISSER, W. Revisiting Carroll’s CSR pyramid: An African perspective. In: PEDERSEN E. R.; HUNICHE, M. (ed.). Corporate citizenship in developing countries. Copenhagen: Copenhagen Business School Press, 2006. p. 29-56.

WICKS; A. C., GUILBERT, D. R.; FREEMAN, E. Une réinterprétation féministe du concept de partie prenante. Business Ethics Quarterly, 4 (4), p. 475-497, 1994.

YANG, J.; SHEN, G. Q.; HO, M.; DREW, D. S.; CHAN, A. P. C. Exploring critical success factors for stakeholder management in construction projects. Journal of civil engineering and management, v. 15, n. 4, p. 337-348, 2009. Disponível em: http://web.nchu.edu.tw/pweb/users/arborfish/lesson/8497.pdf. Acesso em: 25 set. 2015.

ZARNOVEANU, D, E. L’image entre réflexion et représentation. Aby Warburg et Walter Benjamin. 2012. Thèse (Littérature Comparée) – Université de Montréal, Montréal, 2012.

Publicado

22-10-2022

Como Citar

Acselrad, H. ., & Assis, W. F. T. (2022). Imagética espacial no capitalismo extrativo: forma e força nos diagramas de responsabilidade social empresarial. Revista Brasileira De Estudos Urbanos E Regionais, 24(1). https://doi.org/10.22296/2317-1529.rbeur.202226pt

Edição

Seção

Artigos - Ambiente, Gestão e Desenvolvimento