O fracasso do empreendedorismo urbano em terras patrimonialistas – o Rio de Janeiro dos megaeventos e os limites da neoliberalização periférica
DOI:
https://doi.org/10.22296/2317-1529.rbeur.202307ptPalavras-chave:
Empreendedorismo Urbano, Atores Econômicos, Neoliberalização Periférica, MegaeventosResumo
Com base em uma perspectiva comparada com as máquinas de crescimento que movem cidades dos Estados Unidos e nas recentes experiências de empreendedorismo urbano que se espalharam pela Europa, analisa-se o caminho específico que cidades como o Rio de Janeiro seguiram ao aderirem ao modelo da cidade neoliberal. O argumento em que se baseia o artigo é o de que, em razão da escassa organização dos atores econômicos, de um lado e de capacidade estatal insuficiente, de outro, cidades como o Rio de Janeiro se viram impossibilitadas de replicar a trajetória estadunidense ou europeia de implantação do empreendedorismo urbano. Apoiados no estudo de caso das principais intervenções urbanas e principais atores econômicos associados aos megaeventos no Rio de Janeiro, desenvolvemos a hipótese segundo qual o projeto da cidade neoliberal aqui se tratou sobretudo de um construto ideológico que reiterou estratégias de extração de renda por parte de atores que vêm comandando a economia política da cidade há décadas.
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