Jovens empreendedores e utopias periféricas na zona sul de São Paulo
DOI:
https://doi.org/10.22296/2317-1529.rbeur.202508ptPalavras-chave:
Atores, agentes e sujeitos, Economia social, Mobilidade socioespacial, Periferias urbanas, Empreendedorismo, Trabalho e renda, Horizonte de expectativaResumo
Baseado em uma etnografia que acompanha a trajetória de quatro jovens da periferia da zona sul de São Paulo, este artigo investiga a forma como o empreendedorismo se desenvolve como a outra face da cultura periférica. Entendido como forma cultural utópica do trabalho por conta própria, defendemos que o empreendedorismo desloca horizontes de expectativa que eram identificados anteriormente como preponderantes entre os moradores da periferia – um emprego com carteira assinada e a participação política. O artigo conclui que, ao não se verem mais representados no mercado de trabalho e nas organizações de esquerda, esses jovens se apoiam na utopia do empreendedorismo para dar respostas tanto aos seus dilemas individuais quanto, coletivamente, ao seu projeto de autonomia periférica.
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