Reflexões sobre a hiperperiferia: novas e velhas faces da pobreza no entorno municipal

Autores

  • Haroldo da Gama Torres CEBRAP, São Paulo
  • Eduardo Cesar Marques Departamento de Ciência Política-USP, São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.22296/2317-1529.2001n4p49

Palavras-chave:

espaço urbano, condições de vida, periferia, população e meio ambiente, risco ambiental, segregação socioespacial.

Resumo

O objetivo do trabalho é apresentar os principais resultados analíticos de uma aplicação de Sistemas de Informação Geográfica ao planejamento urbano. O trabalho centra-se na apresentação de diversas cartografias exploratórias relacionadas a variáveis demográficas, de risco urbano e de acesso a políticas públicas. Os resultados apontam para a superposição, em determinados setores censitários do município, de condições de extrema pobreza e risco urbanos, indicando a presença de fortes efeitos cumulativos de riscos urbanos e precariedade socioeconômica. Essa cumulatividade parece ser mais grave do que a indicada pela literatura: identificamos uma periferia mais heterogênea do que se considera comumente, incluindo espaços bem servidos e inseridos na malha urbana, e outros cuja população está submetida a condições talvez mais adversas do que a das periferias das décadas passadas.

 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

BANCO MUNDIAL. World Development Report 1992: development and environment. Nova York: Oxford University Press, 1992.

BONDUKI, N., ROLNIK, R. “Periferia da Grande São Paulo: reprodução do espaço como expediente de reprodução da força de trabalho”. In: MARICATO, E. (Ed.). A produção capitalista da casa (e da cidade) do Brasil industrial. São Paulo: Alfa-Ômega, 1982.

BRASILEIRO, A. (Ed.). Região Metropolitana do Rio de Janeiro: Serviços de interesse comum. Brasília: Ipea/Ibam, 1976.

BUENO, L. Projeto e favela: metodologia para projetos de urbanização. São Paulo, 2000. Tese (Doutorado) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo.

CASTELLS, M. “La economia informational, la nueva división internacional del trabajo y el projeto socialista”. El socialismo del futuro, n.4, 1991.

CHINELLI, F. “Os loteamentos da periferia”. In: VALLADARES, L. do P. (Ed.). Habitação em questão. Rio de Janeiro: Zahar, 1980.

D’ALESSANDRO, M. Avaliação da política de urbanização de favelas em São Paulo no período 1989/1992. São Paulo, 1999. Dissertação (Mestrado) – EAE/FGV.

FARIA, V. “A conjuntura social brasileira: dilemas e perspectivas”. Novos Estudos Cebrap, n.33, 1992.

FISCHHOFF, B. et. al. Acceptable risk. Cambridge: Cambridge University Press, 1981.

FOTHERINGHAN, S. E ROGERSON, P. (Eds.). Spatial analysis and GIS. Londres: Taylor & Francis, 1994.

FUJIMOTO, N. “Programa de recuperação e consolidação geotécnica das áreas de risco de assentamentos espontâneos da cidade de São Paulo”. In: SOUZA, M. et al. Natureza e sociedade hoje: uma leitura geográfica. São Paulo: Hucitec/Anpur, 1993.

GUIMARÃES, R., TAVARES, R. Saúde e sociedade no Brasil dos anos 80. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1994.

HOGAN, D. “Migração ambiente e saúde nas cidades brasileiras”. In: HOGAN, D., VIEIRA, P. (Eds.). Dilemas sócio-ambientais do desenvolvimento sustentável. Campinas: Ed. Unicamp, 1992.

HUXHOLD, W. An introduction to urban geographic information systems. Londres: Oxford University Press, 1991.

JACOBI, P. Movimentos sociais e políticas públicas: demandas por saneamento básico e saúde: São Paulo 1978-84. São Paulo: Cortez, 1989.

JACOBI, P. R. “Households and environment in the City of São Paulo: perceptions and solutions”. Environment and Urbanization, Londres, v.6, n.2, 1994.

KOWARICK, L. Capitalismo e marginalidade na América Latina. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1975.

KOWARICK, L. A espoliação urbana. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.

KOWARICK, L. “Investigação urbana e sociedade”. In: REIS, E., ALMEIDA, M. H., FRY, P. Pluralismo, espaço social e pesquisa. São Paulo: Hucitec/Anpocs, 1995.

LIMA, M. “Em busca da casa própria: autoconstrução na periferia do Rio de Janeiro”. In: VALLADARES, L. do P. (Ed.). Habitação em questão. Rio de Janeiro: Zahar, 1980.

MARICATO, E. “Autocostrução, a arquitetura possível”. In: MARICATO, E. A produção da casa (e da cidade) no Brasil industrial. São Paulo: Alfa-Ômega, 1982.

MARQUES, E. Estado e redes sociais: permeabilidade e coesão nas políticas urbanas no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Revan, 2000.

MARQUES, E. “Infra-estrutura urbana e produção do espaço metropolitano do Rio de Janeiro”. Cadernos IPPUR, v.XII, n.2, ago./dez., 1998.

MARQUES, E. “Equipamentos de saneamento e desigualdades no espaço carioca”. Cadernos de Saúde Pública, 12 (2), 1996.

MARQUES, E., BICHIR, R. Estado e infra-estrutura urbana: padrões de investimento estatal em São Paulo – 1978/98. Rio de Janeiro, IX Encontro da Anpur, 2001.

MARQUES, E., NAJAR, A. “Espaço e mortalidade no Rio de Janeiro da década de 80”. Anais do IV Encontro da Anpur. Brasília: Anpur, 1995.

MARQUES, E., TORRRES, H. “As transformações recentes em São Paulo e o debate das cidades globais”. Novos Estudos Cebrap, n.55, 2000.

MASSENA, R. “O impacto do metrô sobre a alocação dos recursos públicos em infra-estrutura no Estado do Rio de Janeiro após a fusão”. Revista Brasileira de Geografia, v.45 (1), 1983.

MOISÉS, J. “O Estado, as contradições urbanas e os movimentos sociais”. In: MOISÉS, J. (Ed.). Cidade, povo e poder. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.

MONTEIRO, C. “Contribuição para o estudo do significado da evolução do coeficiente de mortalidade infantil no Município de São Paulo, SP (Brasil) nas três últimas décadas (1950-1979)”. Revista de Saúde Pública, n.16, 1982.

NAJAR, A. “Mapa do Bem-Estar Social do Rio de Janeiro utilizando técnicas de análise espacial: o SIG-Fiocruz como ferramenta analítica para gestores públicos no campo da saúde coletiva”. In: NAJAR, A., MARQUES, E. (Eds.). Saúde e espaço: estudos metodológicos e técnicas de análise. Rio e Janeiro: Fiocruz, 1998.

NAJAR, A., MARQUES, E. (Eds.). Saúde e espaço: estudos metodológicos e técnicas de análise. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1998.

O’BRIEN, L. “Small area information systems: problems and prospects”. In: WORRAL, L. (Ed.). Geographic Information Systems: development and applications. Londres: Belhaven Press, 1990.

O’KELLY, M. “Spatial analysis and GIS”. In: FOTHERINGHAN, S., ROGERSON, P. (Eds.). Spatial analysis and GIS. Londres: Taylor & Francis, 1994, p.65-79.

PINÇON-CHARLOT, M., PRETECEILLE, E. E RENDU, P. Ségrégation urbaine: classes sociales et équipaments colletifs région parisienne. Paris: Anthropos, 1986.

PRETECEILLE, E., VALLADARES, L. (Eds.). Restruturação urbana: tendência e desafios. São Paulo: Nobel/Iuperj, 1990.

REJESKI, D. “GIS and risk: a three-culture problem”. In: GOODCHILD, M.F., PARK, B.O., STEYAERT, L.T. (Eds.). Environmental modeling with GIS. Nova York: Oxford University Press, 1993, p.318-31.

SANTOS, C. Voltando a pensar em favelas por causa das periferias. Rio de Janeiro: s.n., 1975.

SANTOS, C. “Velhas novidades nos modos de urbanização brasileiros”. In: VALLADARES, L. (Ed.). Habitação em questão. Rio de Janeiro: Zahar, 1980.

SANTOS, C. Processo de crescimento e ocupação da perifeira. Rio de Janeiro: Ibam, 1982.

SANTOS, C. “Loteamentos na periferia metropolitana”. Revista de Administração Municipal, 32 (174), 1985.

SANTOS, C., BRONSTEIN, O. “Meta-urbanização – o caso do Rio de Janeiro”. Revista de Administração Municipal, v.25, n.149, 1978.

SEADE. Prestação de serviços especializados de consultoria para a realização de estudos, pesquisas, análises, sistematização, georreferenciamento e disseminação de indicadores socioeducacionais para o Estado de São Paulo. São Paulo: Seade, 1998.

SEADE. Prestação de serviços para a elaboração do projeto – priorizando o saneamento no Estado de São Paulo. São Paulo: Seade, 1998.

SILVA, L. (Ed.). O que mostram os indicadores sociais sobre a pobreza na Década Perdida. Brasília: Ipea, 1992. (Relatório de pesquisa.)

SIMÕES, C., ORTIZ, L. “A mortalidade infantil no Brasil dos anos 80”. In: CHADAD, J., CERVIN, R. (Ed.). Crise e infância no Brasil: o impacto das políticas de ajustamento econômico. São Paulo: IPE/USP – Unicef, 1998.

SONGSORE, J. E MCGRANAHAN, G. “Environment, wealth and health: towards an analysis of intra-urban differentials within the Greater Accra Metropolitan Area, Ghana”. Environment and Urbanization, v.5, n.2, 1993.

TASCHNER, S. P. “Degradação ambiental em áreas de invasão no município de São Paulo”. Anais do VIII Encontro Nacional de Estudos Populacionais. São Paulo: Abep, 1992.

TODD, A. “Health inequalities in urban areas: guide to the literature”. Environment and Urbanization, v.8, n.2, p.141-52, 1996.

TORRES, H. G. “Social policies in the ‘lost decade’: evidence from the case of São Paulo, Brazil”. Harvard Center for Population and Development Studies. Working Paper Series n. 97.10, 1997a.

TORRES, H. G. Desigualdade ambiental na cidade de São Paulo. Campinas, 1997b. Tese (Doutorado) – IFCH da Universidade Estadual de Campinas.

TORRES, H. G. “Pobreza e degradação ambiental na periferia: uma aplicação de geoprocessamento para a Zona Leste da cidade de São Paulo”. In: NAJAR, A.L., MARQUES, E.C. (Eds.). Saúde e espaço: estudos metodológicos e técnicas de análise. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1998.

TORRES, H. G. “A demografia do risco ambiental”. TORRES, H.G., COSTA, H.M. (Eds.). População e meio ambiente: debates e desafios. São Paulo: Senac, 1999.

TORRES, H.G., MARQUES, E.C. Contribuição para o desenvolvimento de um sistema de apoio a políticas sociais, no contexto de um sistema de informações geográficas. São Paulo: Cebrap e Prefeitura do Município de Mauá, 1999.

VETTER, D. “The Impact on the Metropolitan System of the Interpersonal and Spatial Distribution of Real and Monetary Income: the Case of Grande Rio”. Comparative Urbanization Series, Los Angeles, University of California, 1975.

VETTER, D. “A segregação residencial da população economicamente ativa na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, segundo grupos de rendimento mensal”. Revista Brasileira de Geografia, 43 (4), 1981.

VETTER, D., MASSENA, R. “Quem se apropria dos benefícios líquidos dos investimentos do Estado em infra-estrutura? Uma teoria de causação circular”. In: MACHADO DA SILVA, L. A. Solo urbano: tópicos sobre o uso da terra. Rio de Janeiro: Zahar, 1981.

VETTER, D., MASSENA, R., RODRIGUES, E. “Espaço, valor da terra e equidade dos investimentos em infraestrutura no Município do Rio de Janeiro”. Revista Brasileira de Geografia, 41(1-2), 1979.

VETTER, D. et al. “A apropriação dos benefícios das ações do Estado em áreas urbanas: seus determinantes e análise através da ecologia fatorial”. Espaço e Debates, 1(4), 1981.

WATSON, G. Water and sanitation in São Paulo, Brazil: Successful strategies for service provision in low-income communities. Cambridge, 1992. Dissertação (Mestrado) – MIT/USA.

WORRAL, L. (Ed.). Spatial analysis afnd spatial policy using GIS. Londres: Belhaven Press, 1991.

Publicado

2001-05-31

Como Citar

Torres, H. da G., & Marques, E. C. (2001). Reflexões sobre a hiperperiferia: novas e velhas faces da pobreza no entorno municipal. Revista Brasileira De Estudos Urbanos E Regionais, (4), 49. https://doi.org/10.22296/2317-1529.2001n4p49

Edição

Seção

Artigos