O Projeto Nacional de Saneamento Rural (1985-1989) no Brasil: limites e potencialidades

Autores/as

  • Nathalia Roland Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Engenharia, Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Belo Horizonte, MG, Brasil https://orcid.org/0000-0002-9823-6657
  • Léo Heller Fundação Oswaldo Cruz, Instituto René Rachou, Belo Horizonte, MG, Brasil https://orcid.org/0000-0003-0175-0180
  • Sonaly Rezende Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Engenharia, Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Belo Horizonte, MG, Brasil https://orcid.org/0000-0002-5282-0938

DOI:

https://doi.org/10.22296/2317-1529.rbeur.202217pt

Palabras clave:

abastecimento de água, área rural, esgotamento sanitário, formulação de políticas públicas, PNSR

Resumen

Neste artigo são analisados os princípios do Projeto Nacional de Saneamento Rural (PNSR), elaborado na década de 1980, discutindo-se os avanços e limites alcançados no desenvolvimento do saneamento rural no Brasil no período. Empregou-se como metodologia a análise de conteúdo de documentos e de entrevistas com atores-chave. Os resultados demonstram que a formulação do PNSR promoveu um novo aporte de conhecimentos ao setor de saneamento no país, com inovações no que se refere à abordagem sobre saneamento básico em áreas rurais, especialmente em sua integração à saúde, aos processos de educação e participação social, à descentralização dos serviços, ao emprego de tecnologias apropriadas e ao envolvimento comunitário na gestão dos serviços. Embora não tenha sido efetivado como um programa de governo, o PNSR deixou como legado uma vasta contribuição sob a forma de estudos, ainda hoje pertinentes.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Biografía del autor/a

Nathalia Roland, Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Engenharia, Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Belo Horizonte, MG, Brasil

Possui graduação em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Mestrado e Doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG.

Léo Heller, Fundação Oswaldo Cruz, Instituto René Rachou, Belo Horizonte, MG, Brasil

Possui graduação em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Mestrado em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos pela UFMG e Doutorado em Epidemiologia pela UFMG.

Sonaly Rezende, Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Engenharia, Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Belo Horizonte, MG, Brasil

Possui graduação em Engenharia Civil, com ênfase em Saneamento, pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Mestrado pelo Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG e Doutorado em Demografia pelo Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da UFMG.

Citas

ALBUQUERQUE, C. Realising the human rights to water and sanitation: a handbook by the UN special rapporteur. Booklet 1: Introduction. Portugal: Human Rights to Water & Sanitation, 2014. Disponível em: https://www.ohchr.org/EN/Issues/WaterAndSanitation/SRWater/Pages/Handbook.aspx. Acesso em: ago. 2018.

ALEIXO, B. et al. Infrastructure is a necessary but insufficient condition to eliminate inequalities in access to water: research of a rural community intervention in Northeast Brazil. Science of the Total Environment, v. 652, s.n., p. 1445-1455, 2019.

ARRETCHE, M. T. S. Políticas sociais no Brasil: descentralização em um Estado federativo. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 14, n. 40, p. 111-141, 1999.

BARDIN, L. Análise de conteúdo. 5. ed. Lisboa: Edições 70, 2011.

BRASIL. Programa Nacional de Saneamento Rural. Versão preliminar elaborada em dezembro de 1987. Brasília, DF: Instituto de Planejamento Econômico e Social, 1987.

BRASIL. Fundação Nacional de Saúde. Programa Nacional de Saneamento Rural. Brasília, DF: Ministério da Saúde, Fundação Nacional de Saúde, 2019a. Disponível em:http://www.funasa.gov.br/documents/20182/38564/MNL_PNSR_2019.pdf/08d94216-fb09-468e-ac98-afb4ed0483eb. Acesso em: dez. 2019.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº. 3.174, de 02 de dezembro de 2019. Dispõe sobre o Programa Nacional de Saneamento Rural e dá outras providências. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2019b.

BRITTO, A. L. N. P. et al. Da fragmentação à articulação: a política nacional de saneamento e seu legado histórico. Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, v. 14, n. 1, p. 65-83, 2012.

CALZADA, J.; IRANZO, S.; SANZ, A. Community-managed water services: The case of Peru. Journal of Environment and Development, v. 26, n. 4, p. 400–428, 2017.

DAGNINO, R.; BRANDÃO, F. C.; NOVAES, H. T. Sobre o marco analítico-conceitual da tecnologia social. In: LASSANCE Jr., A. E. et al. (Org.). Tecnologia social: uma estratégia para o desenvolvimento. Rio de Janeiro: Fundação Banco do Brasil, 2004.

FLICK, U. Introdução à pesquisa qualitativa. Porto Alegre: Artmed, 2011.

GUARDIOLA, J.; GONZÁLEZ-GÓMEZ, F.; GRAJALES, Á. L. Is access to water as good as the data claim? Case study of Yucatan. International Journal of Water Resources Development, v. 26, n. 2, p. 219–233, 2010.

HALL, D.; LOBINA, E. Políticas públicas e financiamento de sistemas de esgotos. In: HELLER, L.; CASTRO, J. E. (Org.). Política pública e gestão de serviços de saneamento. Ed. Ampliada. Belo Horizonte: UFMG, Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2013. p. 156-178.

HELLER, L. Affordability of water and sanitation services. Report of the Special Rapporteur on the human rights to safe drinking water and sanitation. United Nations, General Assembly, A/HRC/30/39, 2015. Disponível em: https://digitallibrary.un.org/record/847922. Acesso em: maio 2021.

HOCHMAN, G. A era do saneamento: as bases da política de saúde pública no Brasil. 2. ed. São Paulo: Hucitec, 2006.

HUTCHINGS, P. et al. A systematic review of success factors in the community management of rural water supplies over the past 30 years. Water Policy, v. 17, n. 5, p. 963-983, 2015.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico de 2010. Rio de Janeiro:IBGE, 2011.

IPEA. Instituto de Planejamento Econômico e Social. Projeto Local de Saneamento Rural. Série saneamento rural 1. Brasília, DF: IPEA, 1989a.

IPEA. Instituto de Planejamento Econômico e Social. Bases para formulação de políticas e programas em saneamento rural. Série saneamento rural 2. Brasília, DF: IPEA, 1989b.

IPEA. Instituto de Planejamento Econômico e Social. Subsídios para elaboração de programas estaduais de saneamento rural. Série saneamento rural 3. Brasília, DF: IPEA, 1989c.

IPEA. Instituto de Planejamento Econômico e Social. Fundamentos conceituais e metodológicos da educação e participação em saneamento rural. Série saneamento rural 4. 2. ed. Brasília, DF: IPEA, 1990a.

IPEA. Instituto de Planejamento Econômico e Social. Subsídios metodológicos para a prática de educação e participação em saneamento rural. Série saneamento rural 5. 2. ed. Brasília, DF: IPEA, 1990b.

IPEA. Instituto de Planejamento Econômico e Social. Subsídios para a discussão da questão tarifária em saneamento rural. Série saneamento rural 6. 2. ed. Brasília, DF: IPEA, 1990c.

IPEA. Instituto de Planejamento Econômico e Social. Modelo computacional para programação financeira em saneamento rural. Série saneamento rural 7. 2. ed. Brasília, DF: IPEA, 1990d.

IPEA. Instituto de Planejamento Econômico e Social. Estudos de caso para uma alternativa metodológica de elaboração de material educativo em saneamento rural (ações experimentais do PNSR). Série saneamento rural 8. 2. ed. Brasília, DF: IPEA, 1990e.

IPEA. Instituto de Planejamento Econômico e Social. Subsídios para o estabelecimento de um programa de desenvolvimento de recursos humanos para o saneamento rural. Série saneamento rural 9. 2. ed. Brasília, DF: IPEA, 1990f.

ITS. Instituto de Tecnologia Social. Reflexões sobre a construção do conceito de tecnologia social. In: LASSANCE Jr., A. E. et al. (Org.). Tecnologia social: uma estratégia para o desenvolvimento. Rio de Janeiro: Fundação Banco do Brasil, 2004. p. 117-134.

KALBERMATTEN, J. M.; JULIUS A. S.; GUNNERSON, C. G. Appropriate technology for water supply and sanitation: a summary of technical and economic options. World Bank research project (RPO 671-46). Washington, DC: World Bank, 1980. Disponível em: http://documents.worldbank.org/curated/pt/426461468765916413/Appropriate-technology-for-water-supply-and-sanitation-a-summary-of-technical-and-economic-options. Acesso em: jun. 2020.

KAMINSKY, J. A.; JAVERNICK-WILL, A. N. The internal social sustainability of sanitation infrastructure. Environmental Science & Technology (Eletronic), v. 48, n. 17, p. 10028-10035, 2014.

KARP, A. W.; COX, S. B. Building water and sanitation projects in rural Guatemala. Journal American Water Works Association, v. 74, n. 4, p. 163–169, 1982.

KLEEMEIER, E. The impact of participation on sustainability: an analysis of the Malawi rural piped scheme program. World Development, v. 28, n. 5, p. 929–944, 2000.

LISBOA, S. S.; HELLER, L.; SILVEIRA, R. B. Desafios do planejamento municipal de saneamento básico em municípios de pequeno porte: a percepção dos gestores. Engenharia Sanitária e Ambiental, v. 18, n. 4, p. 341-348, 2013. doi 10.1590/S1413-41522013000400006.

MACHADO, J. C.; COTTA, R. M. M.; SOARES, J. B. Reflexões sobre o processo de municipalização das políticas de saúde: a questão da descontinuidade político-administrativa. Interface – Comunicação, Saúde, Educação, v. 19, n. 52, p. 159-70, 2015.

MAJURU, B.; JAGALS, P.; HUNTER, P. R. Assessing rural small community water supply in Limpopo, South Africa: Water service benchmarks and reliability. Science of the Total Environment, v. 435-436, n. 2012, p. 479-486, 2012.

MANTILLA, W. C. Políticas públicas para la prestación de los servicios de agua potable y saneamiento en las áreas rurales. Documento de proyecto n. 388. Santiago del Chile: CEPAL, 2011. Disponível em: https://repositorio.cepal.org/bitstream/handle/11362/3842/1/S2011912.pdf. Acesso em: mar. 2020.

MARKS, S. J.; DAVIS, J. Does user participation lead to sense of ownership for rural water systems? Evidence from Kenya. World Development, v. 40, n. 8, p. 1569–1576, 2012.

MARKS, S. J.; KOMIVES, K.; DAVIS, J. Community participation and water supply sustainability: evidence from handpump projects in rural Ghana. Journal of Planning Education and Research, v. 34, n. 3, p. 276-286, 2014.

MELO, M. A. B. C. O padrão brasileiro de intervenção pública no saneamento básico. Revista de Administração Pública, v. 23, n. 1, p. 84-102, 1989.

MENICUCCI, T.; D’ALBUQUERQUE, R. Política de saneamento vis–à-vis à política de saúde: encontros, desencontros e seus efeitos. In: HELLER, L. (Org.). Saneamento como política pública: um olhar a partir dos desafios do SUS. Rio de Janeiro: Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz, 2018. p. 9–52.

NARAYAN, D. The contribution of people’s participation: evidence from 121 rural water supply projects. Environmentally Suistainable Development Occasional Paper Series No. 1. Washington DC: The World Bank, 1995. Disponível em: http://documents.worldbank.org/curated/pt/750421468762366856/The-contribution-of-peoples-participation-evidence-from-121-rural-water-supply-projects. Acesso em: dez. 2019.

NOGUEIRA, F. A. Continuidade e descontinuidade administrativa em governos locais: fatores que sustentam a ação pública ao longo dos anos. 2006. Dissertação (Mestrado em Administração Pública e Governo) – Escola de Administração de Empresas de São Paulo, Fundação Getúlio Vargas, São Paulo.

OECD. Organization for Economic Cooperation and Development. Rural water and sanitation: assessing impacts. Evaluation insights, s.v., n. 6, p. 1-12, 2012. Disponível em: https://www.oecd.org/dac/evaluation/Evaluation%20insights%20WASH%20final%20draft.pdf. Acesso em: mai. 2018.

ONU. Organização das Nações Unidas. Report of the United Nations Water Conference. Mar del Plata, 14-25 March, 1977. E/CONF. 70/29. Organização das Nações Unidas, 1977. Disponível em: https://www.ircwash.org/sites/default/files/71UN77-161.6.pdf. Acesso em: mar. 2020.

ONU. Organização das Nações Unidas. The human right to safe drink water and sanitation. General Assembly Resolution A/RES/64/292. Organização das Nações Unidas, 2010. Disponível em: http://www.un.org/en/ga/search/view_doc.asp?symbol=A/RES/64/292. Acesso em: mar. 2021.

ONU. Organização das Nações Unidas. Report of the Special Rapporteur on the human right to safe drinking water and sanitation. Human Rights Council, A/HRC/33/49. Organização das Nações Unidas, 2016. Disponível em: https://documents-dds-ny.un.org/doc/UNDOC/GEN/G16/167/00/pdf/G1616700.pdf?OpenElement. Acesso em: mar. 2020.

PASHA, H. A.; MCGARRY, M. G. Rural water supply and sanitation in Pakistan: lessons from experience. World Bank technical paper number 105. Washington, DC, 1989. Disponível em: http://documents.worldbank.org/curated/en/339521468775504591/pdf/multi-page.pdf. Acesso em: mar. 2020.

RAID, M. A. M. Soluções técnicas de abastecimento de água e modelos de gestão: um estudo em quinze localidades rurais brasileiras. 2017. Dissertação (Mestrado em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos) – Escola de Engenharia, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.

RÍOS-CARMENADO, I.; GUILLÉN-TORRES, J.; HERRERA-REYES, A. T. Complexity in the management of rural development projects: case of Lasesa (Spain). Cuadernos de Desarrollo Rural, v. 10, n. 71, p. 167-186, 2013.

ROCHA, W. S. Estudo de caso do Sistema Integrado de Saneamento Rural (SISAR) no Brasil. Nota Técnica IBDTN-589. Banco Interamericano de Desenvolvimento, 2013. Disponível em: https://publications.iadb.org/publications/portuguese/document/Estudo-de-caso-do-sistema-integrado-de-saneamento-rural-(SISAR)-no-Brasil.pdf. Acesso em: abril 2020.

RODRIGUES, I.; BARBIERI, J. C. A emergência da tecnologia social: revisitando o movimento da tecnologia apropriada como estratégia de desenvolvimento sustentável. Revista de Administração Pública, v. 42, n. 6, p. 1069-1094, 2008.

ROLAND, N.; HELLER, L.; REZENDE, S. Access to the Brazilian agenda of The National Rural Water Supply and Sanitation Project (1985). Revista de Administração Pública, v. 54, n.6, p. 1654-1671, 2020. http://dx.doi.org/10.1590/0034-7612201900392x

ROLAND, N.; HELLER, L.; REZENDE, S. Assessment of the failure to implement a much-needed rural water and sanitation project in Brazil. Water International, [online], 2022. https://doi.org/10.1080/02508060.2022.2040147.

SARA, J.; KATZ, T. Making rural water supply sustainable: report on the impact of project rules. Water and Sanitation Program. World Bank, 2005. Disponível em: http://documents.worldbank.org/curated/en/495261468135922056/Making-rural-water-supply-sustainable-report-on-the-impact-of-project-rules. Acesso em: dez. 2019.

SILVA, A. G. Proposição de técnicas e modelos de gestão para o esgotamento sanitário em áreas rurais brasileiras. 2017. Dissertação (Mestrado em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos) – Escola de Engenharia, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.

SILVA, B. B. et al. Water and sanitation are not gender-neutral: human rights in rural Brazilian communities. Water Policy, v. 22, n. 1, p. 102-120, 2020.

WHITTINGTON, D. et al. How well is the demand-driven, community management model for rural water supply systems doing? Evidence from Bolivia, Peru and Ghana. Water Policy, v. 11, n. 6, p. 696-718, 2009.

WORLD BANK. The demand for water in rural areas: determinants and policy implications. The World Bank Water Research Team. The World Bank Research Observer, v. 8, n. 1, p. 47-70, 1993.

Publicado

2022-08-02

Cómo citar

Roland, N., Heller, L., & Rezende, S. (2022). O Projeto Nacional de Saneamento Rural (1985-1989) no Brasil: limites e potencialidades. Revista Brasileira De Estudos Urbanos E Regionais, 24(1). https://doi.org/10.22296/2317-1529.rbeur.202217pt

Número

Sección

Dossier temático: Políticas públicas y estatalidades