Neoextrativismo e construção ‘sustentável’: duas faces do capitalismo financeirizado

Autores/as

  • Rita de Cássia Pereira Saramago Universidade Federal de Uberlândia, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e Design, Uberlândia, MG, Brasil https://orcid.org/0000-0001-5173-3739
  • João Marcos de Almeida Lopes Universidade de São Paulo, Instituto de Arquitetura e Urbanismo, São Carlos, SP, Brasil https://orcid.org/0000-0001-9999-2473

DOI:

https://doi.org/10.22296/2317-1529.rbeur.202413pt

Palabras clave:

Colonização, Neoextrativismo, Mineração, Construção Civil, Arquitetura, Sustentabilidade

Resumen

O presente artigo investiga como o extrativismo, operado nos territórios coloniais, possibilitou a consolidação e a expansão mundial do sistema capitalista, sendo que continua viabilizando-o no presente. Para ilustrar nossos argumentos, usamos o exemplo da mineração. Em seguida, apontamos a cumplicidade existente entre o setor construtivo, em que a Arquitetura é praticada, e o capitalismo exportador de commodities. Indicamos ainda que a crença na ecoeficiência das tecnologias e edificações ‘verdes’, na verdade, mascara a externalização dos danos socioambientais gerados pelos processos de produção hegemônicos – como aqueles que compõem a cadeia produtiva do ferro e do aço (materiais que, em boa parte, empregamos na Construção Civil). Por fim, analisamos o emblemático caso da comunidade de Piquiá de Baixo (MA), em que as problemáticas apresentadas neste trabalho podem ser melhor explicitadas.

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Biografía del autor/a

Rita de Cássia Pereira Saramago, Universidade Federal de Uberlândia, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e Design, Uberlândia, MG, Brasil

Professora adjunta da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e Design da Universidade Federal de Uberlândia (FAUeD/UFU) desde 2011, onde coordena o Laboratório de Conforto Ambiental e Conservação de Energia (LCC), assim como é pesquisadora do grupo [MORA] Pesquisa em Habitação. Possui graduação (2007) em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), mestrado (2011) pela Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (EESC USP) e doutorado (2022) pelo Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (IAU/USP), onde também integra o Grupo de Pesquisa em Habitação e Sustentabilidade (Habis).

João Marcos de Almeida Lopes, Universidade de São Paulo, Instituto de Arquitetura e Urbanismo, São Carlos, SP, Brasil

Professor Titular no Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (IAU/USP), em São Carlos/SP, ao qual está vinculado desde 1999, quando ainda era um Departamento da Escola de Engenharia daquele campus da USP. Atua como professor orientador no Programa de Pós-graduação do IAU/USP desde janeiro de 2007 e como coordenador do Programa e presidente de Comissão de Pós-Graduação desde junho de 2022. Integra o Grupo de Pesquisa em Habitação e Sustentabilidade (HABIS), do qual é um dos coordenadores. Doutor (2006) em Filosofia e Metodologia das Ciências pelo Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Federal de São Carlos (UFSC) e Mestre (1999) em Arquitetura e Urbanismo pelo Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Escola de Engenharia de São Carlos da USP. Graduou-se Arquiteto e Urbanista pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP em 1982. Desde o início de 2018, é bolsista Produtividade em Pesquisa do CNPq, categoria/nível 2. É associado da USINA Centro de Trabalhos para o Ambiente Habitado - da qual foi coordenador geral no período de 1990 até 2005.

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Publicado

2024-04-03

Cómo citar

Saramago, R. de C. P., & Lopes, J. M. de A. (2024). Neoextrativismo e construção ‘sustentável’: duas faces do capitalismo financeirizado. Revista Brasileira De Estudos Urbanos E Regionais, 26(1). https://doi.org/10.22296/2317-1529.rbeur.202413pt

Número

Sección

Dossier Neoextractivismo y autoritarismo