Espaço, modernidade e branquitude: notas desde Cidade Ademar (SP)

Autores

  • Aquiles Coelho Silva Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional, Núcleo de Estudos e Pesquisa em Geografia, Relações Sociais e Movimentos Sociais, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Coletiva GIRA, São Paulo, SP, Brasil. https://orcid.org/0000-0003-2082-2426

DOI:

https://doi.org/10.22296/2317-1529.rbeur.202221pt

Palavras-chave:

Espaço-lugar, Território, Modernidade, Branquitude, Branqueamento do Território

Resumo

Neste artigo intento retomar a noção de espaço e sua construção como categoria moderna orientada pela racialidade, pelos pilares ontoepistemológicos da separabilidade, da determinabilidade e da sequencialidade, pautada em uma pretensão universal. Contraponho o espaço moderno ao espaço-lugar, tal como proposto por Muniz Sodré, para, em meio a essa contraposição, vislumbrar outras possibilidades de compreender e habitar o espaço. Apresento assim o movimento de renovação urbana em curso em Cidade Ademar (SP) enquanto jogo com a afetabilidade como caminho para explorar as frestas que a representação espacial moderna busca ocultar no distrito. Trato, enfim, de apresentar/confrontar o sujeito moderno que se esconde sob o manto da racionalidade e da universalidade, aquele que organiza e se apropria do espaço por ele continuamente nomeado, a fim de desnaturalizar a violência moderna/colonial que suprime outros entendimentos espaciais orientados pela relacionalidade, ou pela afetabilidade.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Aquiles Coelho Silva, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional, Núcleo de Estudos e Pesquisa em Geografia, Relações Sociais e Movimentos Sociais, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Coletiva GIRA, São Paulo, SP, Brasil.

Nascido e criado na Zona Sul de São Paulo, formou-se economista pelo Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e é mestrando em Planejamento Urbano pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Ippur/UFRJ). É também pesquisador integrante do coletivo NEGRAM/IPPUR, da Coletiva GIRA (SP) – Coletiva de estudo-intervenção antirracista e anticolonial, e do projeto História da Disputa: Disputa da História.

Referências

BENTO, M. A. da S. Branqueamento e branquitude no Brasil. Psicologia social do racismo: estudos sobre branquitude e branqueamento no Brasil. Petrópolis: Vozes, 2002. p. 5-58.

BRASÍLIA periferia. Intérprete: GOG. In: Dia a dia da periferia. Brasília: Só Balanço. 1994. Faixa 1 (7'22 min). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=CTQm8BD4JAM. Acesso em: 9 nov. 2021.

CARNEIRO, A. S. A construção do outro como não ser como fundamento do ser. 2005. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-graduação em Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.

CIDADE Ademar, território de bandidos. Jornal da Tarde. São Paulo: Arquivo Histórico Municipal de São Paulo, 1989. Consulta: jan. 2019.

CIDADE Adhemar: casas e terrenos em prestações. O Estado de S. Paulo. São Paulo, 14 ago. 1949, p. 6.

CIDADE Adhemar, em Santo Amaro, é o bairro mais violento de São Paulo. Folha de S.Paulo, São Paulo, 19 nov. 1990. Caderno Cidade, p. 1.

FANON, F. Os condenados da terra. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1979. Ebook.

FANON, F. Racismo e cultura. Revista Convergência Crítica, v. 13, Dossiê: Questão ambiental na atualidade, 2018.

FANON, F. Pele negra, máscaras brancas. São Paulo: Ubu Editora, 2020.

FRANÇA, D. S. do N. Segregação racial em São Paulo: residências, redes pessoais e trajetórias urbanas. 2017. Tese (Doutorado) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2017.

GÓES, J. Western modernity, urban spaces, and race: challenges to decolonial praxis in the African diaspora in the Americas. [2020]. No prelo.

HAESBAERT, R. Do corpo-território ao território-corpo (da terra): contribuições decoloniais. GEOgraphia, v. 22, n. 48, 2020.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo demográfico. Rio de Janeiro: IBGE, 2010.

JARDIM Miriam, recanto nordestino. O Estado de S.Paulo. São Paulo, 11 abr. 1976, p. 102.

McKITTRICK, K. On plantations, prisons, and a black sense of place. Social & Cultural Geography, v. 12, n. 8, p. 947-963, 2011.

MOMBAÇA, J. A plantação cognitiva. MASP Afterall-Arte e Descolonização. São Paulo: Museu de Arte de São Paulo, 2020.

NASCIMENTO, M. B. Beatriz Nascimento, quilombola e intelectual: possibilidade nos dias da destruição. [S.l.]: Filhos da África, 2018.

ROLNIK, R. Territórios negros nas cidades brasileiras: etnicidade e cidade em São Paulo e Rio de Janeiro. Revista de Estudos Afro-Asiáticos, v. 17, p. 1-17, 1989.

ROLNIK, R. São Paulo, início da industrialização: o espaço e a política. In: KOWARICK, L. (org.). As lutas sociais e a cidade. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1994.

ROLNIK, R. A cidade e a lei: legislação, política urbana e territórios na cidade de São Paulo. São Paulo: Studio Nobel, 1997.

ROY, A. Racial banishment. In: ANTIPODE EDITORIAL COLLECTIVE (eds.) et al. Keywords in radical geography: Antipode at 50. John Wiley & Sons, Ltd, 2019, p. 227-230.

SANTOS, R. E. dos. Rediscutindo o ensino de geografia: temas da Lei 10.639. Rio de Janeiro: Ceap, 2009.

SCHUCMAN, L. V. Sim, nós somos racistas: estudo psicossocial da branquitude paulistana. Psicologia & Sociedade, v. 26, n. 1, p. 83-94, 2014.

SILVA, A. C. Vila Missionária: constituição e desenvolvimento da periferia na cidade de São Paulo (1960-1990). São Paulo: Arquivo Histórico Municipal, 2019.

SILVA, D. F. da. Ninguém: direito, racialidade e violência. Meritum, Revista de Direito da Universidade FUMEC, v. 9, n. 1, 2014.

SILVA, D. F. da. Sobre diferença sem separabilidade. Catálogo da 32a Bienal de Artes de São Paulo – Incerteza Viva, p. 57-65, 2016.

SILVA, D. F. da. A dívida impagável. São Paulo: Casa do Povo, 2019a.

SILVA, D. F. da. Em estado bruto. ARS (São Paulo), v. 17, n. 36, p. 45-56, 2019b.

SMDUL. Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento. Geosampa, 2021. Disponível em: http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br/PaginasPublicas/_SBC.aspx. Acessos em: 10 ago. 2021.

SODRÉ, M. O terreiro e a cidade. Petrópolis: Vozes, 1988.

TOSOLD, L. Autodeterminação em três movimentos: a politização de diferenças sob a perspectiva da (des) naturalização da violência. 2018. Tese (Doutorado) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2018.

UM BOM lugar. Intérprete: Sabotage. Rap é compromisso. São Paulo: Cosa Nostra. 2000, faixa 3 (5'05 min.). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=GA7LcSX8tYE. Acesso em: 9 nov. 2021.

Publicado

2022-08-29

Como Citar

Silva, A. C. . (2022). Espaço, modernidade e branquitude: notas desde Cidade Ademar (SP) . Revista Brasileira De Estudos Urbanos E Regionais, 24(1). https://doi.org/10.22296/2317-1529.rbeur.202221pt

Edição

Seção

Artigos - Território, Cidadania e Direitos