Os impactos da ação do Estado e das políticas sociais de habitação na construção do sujeito – o caso do sujeito Zona Norte
DOI:
https://doi.org/10.22296/2317-1529.rbeur.202527Palavras-chave:
Direito à Cidade, Políticas Habitacionais, Segregação Socioespacial, Habitação Social, Dispositivo, Sujeito, São José do Rio PretoResumo
Este artigo busca compreender como as transformações socioespaciais urbanas ocorridas em São José do Rio Preto - SP, em especial na região norte da cidade, foram apreendidas por seus moradores ao longo de suas trajetórias de vida. O intuito é identificar os efeitos dessa apreensão em seus processos de subjetivação. Para tanto, analisou-se a transformação da Zona Norte, de uma condição inicial de periferia estigmatizada à centralidade. A leitura analítica do quadro socioeconômico do município contribuiu para a realização das entrevistas semiestruturadas e estas para a compreensão da percepção dos moradores sobre o local onde vivem. Observou-se um emaranhado de mecanismos, discursos, estratégias e agentes conduzidos pela racionalidade neoliberal, englobando o Estado, conduzindo à ressignificação do lugar. O sujeito, fruto desta constelação de fatores, concebe a Zona Norte sem, no entanto, explorá-la enquanto potência social transformadora. É preciso promover novos processos de subjetivação que recuperem a unidade da comunidade e sejam capazes de estimular uma coprodução do espaço para a democratização real do direito à cidade.
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